As bibliotecas sem leitores

por Gabriel Bonis 13 de outubro de 2011 às 16:25h.

Poucas para um Brasil de quase 200 milhões de pessoas, sem programação adequada e com horários restritos, a maioria delas vive às moscas. Fotos: Gabriel Bonis

Durante a semana, a biblioteca pública Roberto Santos, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, está praticamente deserta pela manhã. Além dos funcionários, poucos visitantes aproveitam o silêncio para ler um jornal ou revista. O vazio já não assusta: os brasileiros não têm o hábito de ler. Segundo um levantamento de 2007 do Instituto Pró-Livro, a população do País lê apenas 1,3 livro por ano, enquanto nos EUA esse índice chega a 11 e na França, a sete.

Para tentar mudar esse quadro e destacar a importância da leitura, há três anos o Dia Nacional da Leitura foi oficializado em 12 de outubro, também Dia das Crianças. “Quanto mais cedo uma pessoa for colocada perto da leitura e da escrita, maior será a sua intimidade, conforto e habilidade com o código ao longo do tempo”, destaca, em conversa com o site de Carta Capital, Christine Castilho Fontelles, diretora de Educação e Cultura do Instituto Ecofuturo, uma ONG focada em projetos educacionais.

Contudo, as crianças e os adultos interessados em utilizar uma das 4.763 bibliotecas públicas municipais do País enfrentarão uma série de dificuldades estruturais, a começar pelo horário de funcionamento e o baixo número destas instituições. Para se ter uma ideia, somente no estado de Nova York, nos EUA, há sete mil bibliotecas.

De acordo com o 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais, realizado no ano passado pela Fundação Getúlio Vargas, apenas 79% das cidades brasileiras possuíam ao menos uma biblioteca aberta em 2009, com média de 2,67 para cada 100 mil habitantes. Porém, apenas 12% delas funcionavam aos sábados, 1% aos domingos e 24% no período noturno.

“Serviços de cultura têm que abrir aos fins de semana, se não o que seria dos teatros e cinemas? Uma biblioteca pública fechada reflete a mentalidade de um projeto de virar as costas às necessidades de leitura do País”, questiona Edmir Perrotti, doutor em Ciências da Comunicação e especialista em políticas públicas em comunicação e leitura.

Ponto de vista apoiado por Fontenelles, para quem os horários das bibliotecas deveriam se adequar às necessidades da comunidade local, colaborando para a formação de novo leitores. “É desafiador criar uma cultura de leitura, para isso temos que oferecer um serviço adequado.”

No entanto, o quesito quantidade não é o único problema identificado. A inclusão também é negligenciada amplamente pelas bibliotecas públicas municipais. Apenas 9% oferecem serviços para deficientes visuais, como audiolivros ou obras em Braille, e 6% desenvolvem atividades para surdo-mudos, deficientes mentais ou físicos. Sem mencionar serviços básicos como a disponibilização de computadores com acesso à internet ao público, presente em menos de 30% das instalações. “Aqui os computadores são apenas para busca de livros no acervo”, diz Filomena Janowsky, coordenadora da biblioteca Roberto Santos. Em visita ao local, recém reformado, a reportagem de CartaCapital também não avistou materiais de leitura especiais ou elevadores.

Há 20 anos a trabalhar no local e prestes a se aposentar, Janowsky mostra animada o estabelecimento, uma das oito bibliotecas temáticas da prefeitura de São Paulo. Criadas entre 2006 e 2008, trazem também um acervo com conteúdos específicos e oferecem programação cultural sobre um determinado tema, neste caso, como a decoração repleta de claquetes, rolos de filmes e iluminação especial espalhadas pelos cômodos sugere, o Cinema.

O local oferece cursos na área, além de exibir filmes em cabines individuais e em um bem equipado auditório de 101 lugares. Até mesmo o horário de fechamento, às 17h de segunda à sexta, é burlado para a realização de oficinas durante à noite e sessões de cinema aos domingos, embora os demais serviços da biblioteca não funcionem fora do expediente – que também inclui o sábado.

No entanto, a ação temática deve ser encarada com cuidado, explica Perrotti. “Pode ser interessante como ideia, mas é preciso analisar como as práticas e iniciativas estão se dando. Porque é possível acabar interessando o público de cinema e afastando os demais.”

Um aspecto também apontado como insatisfatório no censo da FGV, no qual a frequência média dos usuários das bibliotecas públicas municipais é de quase duas vezes por semana. Além disso, 65% dos visitantes enxergam a estrutura como uma fonte de pesquisas escolares, 26% a utilizam para pesquisas em geral e somente 8% para o lazer.

Segundo Perrotti, uma das formas de escapar desse estigma é a implementação de projetos culturais efetivos, ao invés das atuais atividades de cultura esporádicas. “Projetos são orgânicos, sistemáticos, têm planejamento, acompanhamento e avaliação, mas isso não acontece”, diz, abrindo espaço para uma crítica à programação das bibliotecas nacionais. “Elas se nomeiam um serviço cultural, mas não trabalham as dimensões simbólicas da cultura, as significâncias, o ângulo estético do conhecimento.”

A composição do acervo é outro fator capaz de atrair leitores em busca de lazer, defende Fontelles, além de aumentar a média nacional de empréstimos, hoje em baixos 296 por mês. “Porém, a cultura da leitura não se faz sozinha, depende de professores apoiando e de estratégias de promoção da biblioteca, incluindo diagnósticos na região para criar um espaço vivo. Sem isso, conquista-se apenas um grupo de usuários fixos.”

Algo que para Janowsky não chega a ser negativo, por fortalecer os laços de usuários locais com a biblioteca e seus funcionários. “Eles vêm aqui e conversam com as recepcionistas sobre suas vidas, é uma terapia. Às vezes tenho até que aumentar o número de funcionários na recepção para atender os demais usuários. Esse também é o nosso trabalho.”

Elisabeth Zanella, atendente do estabelecimento há cinco anos, tem inclusive uma visitante favorita. Uma senhora de 85 anos, que todos os dias vai à biblioteca ler as notícias do dia e depois discutí-las na recepção. “A vinda aqui é só um pretexto, ela me traz até os seus exames médicos”, brinca.

Embora esse público também seja bem-vindo, Fontelles acredita que as bibliotecas devem usar todas as ferramentas disponíveis, incluindo as redes sociais, para atrair leitores efetivos. Um conselho seguido pela coordenadora da Roberto Santos, que disponibiliza em uma prateleira bem em frente à escada pricincipal para o acervo, os livros mais conhecidos, aqueles com capas mais atraentes, entre outros quesitos. Além disso, há um mural para os leitores deixarem uma resenha dos livros e ajudar na escolha dos usuários.

“Somos uma das bibliotecas que mais emprestam na cidade de São Paulo”, diz Janowsky, embora o estado seja o líder nacional na média de empréstimos, com 702 por mês.

A prateleira com os "destaques" fica em um lugar estratégico, em frente à escada principal para o acervo.

No entanto, é preciso ir além da divulgação para tornar um visitante esporádico em usuário frequente. Isso, de acordo com o especialista em políticas públicas para leitura, só pode ser feito com projetos consistentes e de longo prazo. Perrotti destaca um exemplo que acompanhou em Nova York, no bairro do Queens, um dos mais problemáticos da cidade norte-americana.

“Quando uma criança nasce lá, a biblioteca recebe um aviso do hospital e já começa a se preparar para atender aquela criança”, aponta Perrotti, destacando que as instituições estão sempre se adaptando ao cenário a seu redor para fortalecer os laços com a comunidade. “Ao aumentar o fluxo de imigrantes latinos, criaram-se cursos de inglês para estrangeiros e catálogos em espanhol. O mesmo ocorreu com a chegada dos chineses, com convites de escritores desse país para debates.”

Um cenário que ainda parece distante da realidade brasileira, na qual a prefeitura de São Paulo fechou em 2008 quatro bibliotecas alegando falta de público. “Não podemos esquecer que esse movimento de preocupação com as bibliotecas é relativamente recente, prova disso é que há uma década elas estavam definhando. Nunca houve uma proatividade de se construir um planejamento de cultura da leitura”, diz Fontelles. E completa: “Na medida em que as bibliotecas existam, as pessoas vão entrar em contato com as obras da história da humanidade e com a literatura. Uma coisa, afinal, é ler sobre a história russa e outra é ler um escritor russo, ver as tensões humanas e entrar em contato com esse lado.”

Leia mais:

A juventude e o descontentamento
Leitura de puro prazer
Microcontos na era do Twitter
‘A política suga a felicidade’

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/as-bibliotecas-sem-leitores.

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Debate: As Bibliotecas da USP e o Ensino e a Pesquisa

SIBiUSP 30 Anos

Fórum de Debates: As Bibliotecas da USP e o Ensino e a Pesquisa

Inscrições: http://bit.ly/sibiusp102011

Data: 24.10.2011

Horário: 14h – Abertura do Evento

Local: Auditório Prof. Luiz Antonio Favaro do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação – ICMC/USP

Avenida Trabalhador sãocarlense, 400 – Centro – CEP: 13566-590 – São Carlos – SP

Fone: 55 (16) 3373-9700 – Fax: 55 (16) 3371-2238

PROGRAMAÇÃO

14h – Abertura – Prof. Dra. Sueli Mara Soares P. Ferreira (Diretora Técnica do SIBiUSP)

14h20min – Prof. Dr. Marco Antônio Zago (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – FMRP/USP; Pró-Reitor de Pesquisa da USP)

15h – Rosaly Favero Krzyzanowski (Biblioteca Virtual/FAPESP)

15h40min – Profa. Dra. Eunice Ribeiro Durham (Diretora Científica do Núcleo de Pesquisa sobre o Ensino Superior da USP)

16h20min – Debate
Mediadora Prof. Dra. Sueli Mara Soares P. Ferreira (Diretora Técnica do SIBiUSP)

17h00 – Encerramento e Coffee Break
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Organização:

Biblioteca – CCSC/USP – http://www.pcasc.usp.br/ser_biblioteca.htm
Biblioteca – CDCC/USP – http://www.cdcc.usp.br/bibli/
Biblioteca “Prof. Achille Bassi” – ICMC/USP – http://www.icmc.usp.br/~biblio/
Biblioteca “Prof. Dr. Antônio Gabriel Atta” – FOB/USP – http://www.fob.usp.br/biblioteca/
Serviço de Biblioteca – EESC/USP – http://www.eesc.usp.br/biblioteca/
Serviço de Biblioteca e Informação – IQSC/USP – http://www.iqsc.usp.br/sbi/
Serviço de Biblioteca e Informação “Prof. Bernhard Gross” – IFSC/USP – http://www.biblioteca.ifsc.usp.br/

Apoio:
Departamento Técnico do SIBiUSP – www.bibliotecas.usp.br
IPTV USP – www.iptv.usp.br

Próximo Fórum de Debate SIBiUSP 30 Anos – As Bibliotecas da USP e A SUSTENTABILIDADE
28 de Novembro – Auditório da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia/USP – Campus: São Paulo-SP.

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SiBiUSP comemora 30 anos com congresso sobre o conhecimento

Nos dias 7 e 8 de outubro, acontece o Congresso Internacional SIBiUSP 30anos – O Futuro do Conhecimento Universal. O evento marca a comemoração dos 30 anos de existência do sistema. A professora Sueli Mara Ferreira, do Departamento de Biblioteconomia e Documentação (CBD) e diretora do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP (SIBiUSP), coordena a mesa de debate que aborda o futuro das bibliotecas.

 Durante os dois dias do congresso, serão realizadas 4 mesas de debate, que tratam de assuntos relacionados ao futuro do conhecimento bibliográfico. O evento é realizado pelo SIBiUSP em parceria com o governo de São Paulo, com a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e  a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP e da Fundação Memorial da América Latina. As inscrições para o congresso podem ser feitas gratuitamente pelo site do evento.
Data: 7 e 8 de outubro
Horário: das 9h30 às 17h
Local:  Auditório Parlatino da Secretaria Estadual dos Direitos das Pessoas com Deficiência – Portão 10
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 – Barra Funda

Programação

Sexta-feira, 07 de Outubro de 2011

8h30min – Credenciamento

9h30min às 12h30min – Mesa 1: O futuro do livro

  • Galeno Amorim – Fundação Biblioteca Nacional (Brasil) (COORDENADOR DA MESA) (Brasil)
  • Brandon Butler – Policy Initiatives-Association of Research Library (EUA) – How to change copyright without changing the law:  fair use and Open Access in the U.S.
  • Jean Claude Guedón – Université de Montréal / OAPEN (Open Access Publishing in European Networks) (Canadá) – The future of the book: reshaping the sociology and the society of texts
  • Roberto Bahiense – Nuvem de Livros/Gol Grupo (Brasil) – Nuvem de Livros – democratização do acesso ao conhecimento

14h30min às 17h30min – Mesa 2: O futuro do acesso ao conhecimento para pessoas com necessidades especiais

  • Linamara Rizzo Battistella – Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (COORDENADORA DA MESA) (Brasil)
  • Albert K. Boekhorst – Information Literacy Section – IFLA / UNESCO (Holanda) – Access to Information and persons with special needs
  • Mara Gabrilli – Câmara dos Deputados (Brasil)
  • Tone Eli Moseid – Library Services to People with Special Needs Section – IFLA (Noruega) – Libraries driving access to all

Sábado, 08 de Outubro de 2011

8h30min – Credenciamento

9h30min às 12h30min – Mesa 3: O futuro da produção científica e intelectual

  • Rosaly Favero Krzyzanowski – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo/FAPESP (COORDENADORA DA MESA) (Brasil)
  • Antonio M. Cunha – Universidade do Minho (Portugal)
  • Juan Carlos Lara – ONG Derechos Digitales (Chile) – Digital formats and open access: embracing openness in Latin America
  • Stuart Shieber – Office for Scholarly Communication – Harvard University (EUA) – Is an open-access future impossible?

14h30min às 17h30min – Mesa 4: O futuro das bibliotecas

  • Sueli Mara Soares Pinto Ferreira – Sistema Integrado de Bibliotecas da USP (COORDENADORA DA MESA) (Brasil)
  • David Palmer – Scholarly Communications Team Leader, The University of Hong Kong (Hong Kong) – Techno-Change in Libraryland: current trends, extrapolated futures
  • Mandy Stewart – British Library (Inglaterra) –The Future of Libraries – a view from a National Library
  • Pedro Puntoni– Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin da USP (Brasil) – Brasiliana USP, plataforma corisco, rede memorial: perspectivas para as bibliotecas no futuro

Secretário GeralEloy Rodrigues – Serviços de Documentação, Universidade do Minho (Portugal)

Observadora InternacionalMalgorzata Lisowska Navarro – Sistema de Bibliotecas, Universidad del Rosario (Colômbia)

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Abertura do Seminário Panoramas do Sul acontecerá sábado, 24 de setembro

Neste sábado, dia 24 de setembro de 2011, acontece no SESC Belenzinho a abertura do Seminário Panoramas do Sul, do 17º Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil. Neste dia será realizada uma mesa de apresentação geral do Festival, assim como o primeiro encontro do seminário. Acompanhe pelo Fórum Permanente: museus de arte; entre o público e o privado a transmissão on-line (ao vivo) de todos os encontros.

O 17º Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC-Videobrasil apresenta a série de Seminários Panoramas do Sul, concebido como um convite de abordagem a aspectos relevantes em torno da produção e difusão da arte contemporânea produzida no contexto do território-zona que chamamos de Circuito Sul. Leia mais…

Programa Seminário Panoramas do Sul

Dia 24 de Setembro – 10h30 às 12h30
Abertura: 17º Festival Internacional de Arte Contemporânea: um projeto curatorial e seus eixos
Apresentação geral do Festival e do Seminário. Participação: Solange Farkas, Valquíria Prates, Marcio Harum, Marcos Moraes, Fernando Oliva e Eduardo de Jesus.
Vagas: 392 | SESC Belenzinho | Teatro
Dia 24 de Setembro – 14h às 18h
Mesa 1 | A arte como terreno de formação do cidadão
A superposição de práticas artísticas e curatoriais em projetos que fazem da arte plataforma para a formação da cidadania. Mediação: Valquíria Prates | Convidado virtual: Luis Camnitzer | Estudo de caso 1: Cátedra Arte de Conducta, Tania Bruguera | Estudo de caso 2: Casa M da 8ª Bienal do Mercosul, Paola Santoscoy | Debatedora: Janaina Melo.
Vagas: 392 | SESC Belenzinho | Teatro
Dia 29 de Outubro – 14 às 18h
Mesa 2 | A instituição à margem das redes de arte
Redes colaborativas independentes e parcerias entre associações e profissionais como estratégias para o Sul. Mediação: Marcos Moraes | Convidada virtual: María Inéz Rodríguez | Estudo de caso 1: Casa Tomada, Tainá Azeredo e Thereza Farkas | Estudo de caso 2: Centre for the Aesthetic Revolution, Pablo León de la Barra | Debatedora: Cristina Freire.
Vagas: 120 | SESC Belenzinho | Sala de Espetáculos 2
Dia 19 de Novembro – 14 às 18h
Mesa 3 | Hipóteses para o Sul
O papel das ações curatoriais na criação de novos mapeamentos para a produção do Sul. Mediação: Marcio Harum | Convidada virtual: Bisi Silva | Estudo de caso 1: 12ª Bienal de Istambul, Adriano Pedrosa | Estudo de caso 2: O artista curador, Olu Oguibe | Debatedora: Cristiana Tejo.
Vagas: 120 | SESC Belenzinho | Sala de Espetáculos 2
Dia 10 de Dezembro – 14 às 18h
Mesa 4 | Intenções editoriais: quem lê e quem escreve, para quê
Como artistas conceituais, críticos e curadores usam publicações para promover uma nova expressão artística. Mediação: Fernando Oliva | Convidado virtual: Miguel López | Estudo de caso 1: Revista Tatuí, Clarissa Diniz | Estudo de caso 2: Asterisco 9, Luisa Ungar e Nadia Moreno | Debatedora: Lisette Lagnado.
Vagas: 120 | SESC Belenzinho | Sala de Espetáculos 2
Local: SESC Belenzinho. Rua Padre Adelino, 1000.
Mais informações, acesse http://goo.gl/JO3Re
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Por uma nova engenharia – Entrevista com Sérgio Mascarenhas

Brasil precisa investir na criação da disciplina de engenharia de sistemas complexos para diminuir o atraso do país na nova área de fronteira da ciência, alerta Sérgio Mascarenhas

Por Elton Alisson

Agência FAPESP – O Brasil está ficando para trás em uma área de fronteira do conhecimento, denominada “sistemas complexos”, que é tão importante como a nanotecnologia e as terapias com células-tronco, nas quais o país tem investido e em que a nova área também se aplica.

O alerta é de Sérgio Mascarenhas, professor e coordenador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP).

No início da década de 1970, quando foi reitor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Mascarenhas idealizou e lançou o curso de engenharia de materiais, pioneiro na América Latina.

Segundo ele, o país deve investir agora na criação da engenharia de sistemas que interagem entre si e que são de alta complexidade, como são definidos os sistemas complexos. Ou, caso contrário, poderá ficar muito atrás de países como os Estados Unidos, que lideram nas pesquisas nessa nova área que reúne física, química, biologia, educação e economia, entre outras especialidades.

Em 2008, Mascarenhas fundou no IEA de São Carlos, juntamente com o professor do Instituto de Química da USP de São Carlos Hamilton Brandão Varela de Albuquerque e a professora do Instituto de Física Yvonne Primerano Mascarenhas, um grupo de trabalho em sistemas complexos para contribuir para o desenvolvimento de pesquisas na área no país.

Por meio de uma associação com o Nobel de Química de 2007, Gerhard Ertl, premiado por suas pesquisas em sistemas complexos, e com um aluno do cientista alemão na Coreia do Sul, os pesquisadores brasileiros estabeleceram uma rede internacional de pesquisas na área conectando os três países.

Agora, a proposta de Mascarenhas é fomentar no Brasil a criação de um programa de pós-graduação em engenharia de sistemas complexos para diminuir o atraso do país nessa área.

Professor aposentado da USP, Mascarenhas contribuiu para a criação da área de pesquisa em física da matéria condensada no campus de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), no fim dos anos 1950; da Embrapa Instrumentação Agropecuária, no final da década seguinte, na mesma cidade, e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no começo dos anos 60.

Em 2007, Mascarenhas ganhou o prêmio Conrado Wessel de Ciência Geral e, em 2002, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico.

Professor visitante de diversas universidades estrangeiras, em suas pesquisas Mascarenhas tratou de assuntos diversos, como os eletretos, corpos permanentemente polarizados que produzem um campo elétrico e que seriam utilizados mundialmente na fabricação de microfones e aparelhos telefônicos.

No início da carreira, o pesquisador se dedicou ao estudo do efeito termo-dielétrico. Mais tarde, também realizou trabalhos na área de dosimetria de radiações (processo de monitoramento de radiação emitida), o que lhe permitiu, por exemplo, medir a quantidade de radiação existente em ossos de vítimas de Hiroshima.

Recentemente, Mascarenhas desenvolveu um método minimamente invasivo para medir pressão intracraniana que recebeu apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) para ser difundido no Brasil e em toda a América Latina. O projeto foi desenvolvido com apoio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).

Agência FAPESP – O que é a engenharia de sistemas complexos?
Sérgio Mascarenhas – É uma engenharia de sistemas de sistemas. O que já existe é a engenharia de sistemas, que é aplicada em logística, em transporte e em sistemas construtivos, entre outras áreas. O que não existe é uma engenharia de sistemas que interagem entre si e que são complexos. O melhor exemplo de um sistema de sistemas é a internet, onde há desde pornografia até o Wikileaks e o Google.

Agência FAPESP – Em quais áreas a engenharia de sistemas complexos pode ser aplicada?
Mascarenhas – Ela se aplica não só a materiais mas em operações financeiras e no agronegócio, por exemplo, em que há uma série de problemas que influenciam a produção agrícola. Há o problema do solo, de defensivos e insumos agrícolas, de estocagem e transporte, por exemplo, para que toda a produção da região Centro-Oeste do Brasil seja exportada.

Agência FAPESP – São sistemas que envolvem muitas variáveis?
Mascarenhas – Exatamente. Todo sistema que apresenta muitas variáveis é um sistema complexo. E isso pode se agravar se a interação entre essas variáveis for não linear. Por exemplo, no agronegócio, se dobrar a produção de milho, se quadruplicar o preço do transporte do sistema logístico frente às dificuldades das estradas brasileiras, aí aparecem as chamadas não linearidades. Então, quando se tem um sistema complexo, as variáveis podem interagir não linearmente. Elas podem se multiplicar até exponencialmente.

Agência FAPESP – O que o motivou a encampar a criação no Brasil dessa nova área?
Mascarenhas – Neste ano se comemoram 40 anos da criação do curso de graduação em engenharia de materiais na UFSCar, que idealizei quando era reitor da universidade e que é um sucesso. Agora, achei que deveria propor algo mais moderno, voltado para o século 21. A engenharia de sistemas complexos é uma área nova e muito interessante e para qual não está sendo dada a devida atenção no Brasil. Se fala bastante no país em pesquisa em áreas como a nanotecnologia e células-tronco, mas não sobre a engenharia de sistemas complexos, que se aplica a todas essas áreas e na qual não estamos formando gente.

Agência FAPESP – Como essa nova engenharia poderia ser implementada no país?
Mascarenhas – A ideia seria criar um programa de pós-graduação em engenharia de sistemas para formar professores e pesquisadores nessa área. Não existe engenharia de sistemas complexos no Brasil e não há pesquisadores no país nessas áreas nem em faculdades tradicionais, como a Escola Politécnica da USP e as Faculdades de Engenharia da USP de São Carlos e da UFSCar. O que já existe no Brasil é engenharia de sistemas, mas não uma engenharia de sistemas que interagem entre si e que são de alta complexidade.

Agência FAPESP – Por que essa nova engenharia ainda não existe no Brasil?
Mascarenhas – Porque é uma área muito nova e no Brasil há uma preocupação em “tapar o buraco” de uma porção de outras engenharias, como a de materiais, de sistemas elétricos e até de meio ambiente, e se perde o futuro tratando do passado. É um atraso muito grande da engenharia brasileira ainda não atuar em sistemas complexos. Além disso, o problema dessas áreas novas é que é preciso ter bons contatos internacionais e políticas de Estado – e não de governo – para enfrentar algo que representa um risco.

Agência FAPESP – De que modo as pesquisas nessa área no Brasil poderiam ser articuladas?
Mascarenhas – Teríamos que ter uma rede. Hoje não se faz nada, se se quer ter impacto, sem falar em rede de pesquisa. Mesmo porque ainda somos tão poucos no Brasil que se não nos juntarmos em rede conseguiremos muita pouca coisa, por falta de massa crítica. Um centro de pesquisa nessa área não pode ser sediado só em São Carlos. Outras universidades também estão interessadas.

Agência FAPESP – Há algum grupo de pesquisa nessa área no Brasil?
Mascarenhas – No Instituto de Estudos Avançados da USP, em São Carlos, temos um grupo de trabalho sobre sistemas complexos. Essa é uma história interessante porque quem ganhou o prêmio Nobel de Química em 2007 foi um cientista alemão, chamado Gerhard Ertl, por suas pesquisas sobre sistemas complexos. E nós, no IEA, fizemos uma associação com o Ertl, na Alemanha, e com um aluno dele na Coreia do Sul. Então, agora temos em São Carlos uma rede de pesquisa sobre sistemas complexos integrando Berlim, São Carlos e a Coreia do Sul.

Agência FAPESP – Quais os países que lideram nas pesquisas em sistemas complexos?
Mascarenhas – O país que está na vanguarda nessa área são os Estados Unidos, com o MIT [Massachusetts Institute of Technology], com um centro que lida muito com questões bélicas. A própria guerra é um sistema complexo, porque nela há uma série de sistemas interagindo, como o de transportes, ofensivo, estratégico e de logística, para alimentar os soldados e transportar equipamentos e armamentos. Os militares lidam com sistemas de sistemas. Aliás, se olharmos para o passado, vemos que muitas aplicações de engenharia foram motivadas pelo poder bélico, como a internet, a robótica e bombas atômica e de fusão. O grande problema da humanidade hoje é criar instituições motivadoras de inovação que não sejam estimuladas apenas pela guerra militar, porque temos outras guerras para vencer. Tem a guerra da saúde, da educação, da violência urbana e muitas outras. E a engenharia de sistemas complexos pode ser aplicada para acabar com essas guerras sociais. Se o Brasil não aproveitar essa chance para ingressar nessa área, vamos ficar muito para trás em relação a outros países.

Fonte: http://agencia.fapesp.br/14428, 02/09/2011.

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Semana de Educação 2011

Realizada pela Fundação Victor Civita desde 2006, a Semana da Educação é dirigida a professores, diretores escolares, coordenadores pedagógicos e orientadores educacionais. As palestras oferecidas têm por objetivo apresentar resultados de pesquisas recentes na área das didáticas especificas, buscando contribuir com a formação dos professores e a troca de experiências em sala de aula.

Os maiores e mais respeitados especialistas da Educação estarão reunidos para promover o debate em torno de temas como leitura, escrita, ensino de matemática e gestão escolar. Conheça a programação e os palestrantes da Semana da Educação 2011.

Não perca tempo e garanta já a sua vaga!

 

Inscrições

Central de Atendimento : de 2ª a 6ª, das 09h às 18h. Tel. (11) 3882-0008.

E-mail: semanadaeducacao@fozzy.com.br A partir de 1 de setembro.

Local

Teatro Shopping Frei Caneca, Rua Frei Caneca, 569, 6º andar, São Paulo/SP

 

Programação

18 de outubro – Gestão Escolar

13h00 às 14h00    Credenciamento e Welcome Coffee
14h00 às 17h30*   Nigel Brooke
A Avaliação Externa como Instrumento da Gestão Educacional

19 de outubro – Didáticas da Leitura e da Escrita

07h30 às 09h00    Credenciamento e Welcome Coffee
09h00 às 12h30*  Myriam Nemirovsky
As Sequências Didáticas de Leitura e de Escrita na Formação Docente e na Sala de Aula
12h30 às 14h00     Almoço
14h00 às 17h30*  Mirta Torres
Ler para Estudar

20 de outubro – Didáticas da Matemática

07h30 às 09h00    Credenciamento e Welcome Coffee
09h00 às 12h30*  Teresa Assude
A Integração das Tecnologias Numéricas no Ensino da Matemática
12h30 às 14h00    Almoço
14h00 às 17h30*   Claudia Broitman
O Ensino de Diversas Estratégias de Cálculo

* Intervalo para Coffee Break

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/semanadaeducacao/index.html

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Fórum “Tecnologia digital e registros informacionais” na Unicamp

A Coordenadoria Geral da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) realizará no dia 8 de setembro o fórum “Tecnologia digital e registros informacionais: novos conceitos e padrões de entrada de dados e suas perspectivas para o tratamento e acesso à informação”.

Aberto ao público em geral, o objetivo do evento é discutir a necessidade de novos estudos para atualização do Código de Catalogação, visando melhorar a padronização de entrada de dados e a catalogação de recursos digitais e reforçando uso de padrões internacionais para atender melhor às necessidades dos usuários das tecnologias digitais.

“Modelagem de dados e representação da informação” e “RDA: Impactos para usuários e profissionais da informação” são alguns dos assuntos que serão discutidos durante o evento.

O fórum será realizado no Auditório do Centro de Convenções da Unicamp, que está situado na rua Elis Regina, nº 131, na Cidade Universitária Zeferino Vaz, em Campinas (SP).

INFORMAÇÕES GERAIS

Local: Auditório do Centro de Convenções da UNICAMP
Data: 08/09/2011
Horário: das 9h00 às 17h00

SOBRE O EVENTO: As tecnologias digitais, expressas em diferentes suportes, vêm impactando e exigindo novas soluções para as atividades de catalogação, ou representação descritiva, tanto em âmbito nacional como internacional. Diante dessa realidade, a IFLA desenvolveu os FRBR para relacionar os dados bibliográficos com as necessidades atuais dos usuários e sob essas orientações, surgiu um novo Código de Catalogação, o RDA. Desse contexto, surge a necessidade de novos estudos para que as atualizações desse Código sejam absorvidas, visando melhor padronização da entrada de dados e a catalogação de recursos digitais, reforçando o uso de padrões internacionais, para melhor atendermos às necessidades dos usuários.

PROGRAMA

Manhã
9h – Abertura
9:30h – Palestra Tema: “Modelagem de dados e representação da informação”
Convidado: Elvis Fusco
Doutor em Ciência da Informação e Mestre em Ciência da Computação. É coordenador e docente dos cursos de Ciência da Computação e Sistemas de Informação do UNIVEM. Coordenador Geral do Computing and Information Systems Research Lab0 (COMPSI). Atua como pesquisador no Grupo de Pesquisa de Novas Tecnologias em Informação e Sistemas Computacionais Aplicados (SCA). Membro da Comissão Especial em Sistemas de Informação da Sociedade Brasileira de Computação (SBC). Presidente do Comite Gestor do Núcleo de Empresas Desenvolvedoras de Software de Marília e Região (NDS). Membro do corpo editorial das revistas “Novas Tecnologias em Informação” e “.NET Magazine”. Atua nas áreas de Ciência da Informação e Ciência da Computação, com ênfase em Sistemas de Informação.
Moderador: Rubens Queiroz de Almeida

10:20h – Debate
10:30h às 10:50h ­Pausa para café
10:50h – Palestra Tema: “FRBR e FRAD impacto na recuperação da informação”
Convidada: Fernanda Passini Moreno
Graduada em Biblioteconomia e Ciência da Informação pela Universidade Federal de São Carlos (2003). Possui mestrado em Ciência da Informação pela Universidade de Brasília (2006), é Doutoranda em Ciência da Informação e Professora Assistente na mesma Universidade. É membro do Grupo de Pesquisa “Representação e Organização da Informação e do Conhecimento (EROIC), cadastrado no Diretório do CNPq e certificado pela Instituição. Atuou como professora assistente efetiva na Universidade Federal de Goiás, com carga horária de 20 hs. Atuou como Consultora do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, desenvolvendo material didático e ministrando cursos sobre o Sistema de Editoração Eletrônico de Revistas (SEER). Ministrou mini­cursos na área de Representação Descritiva sobre os Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos (FRBR) . Tem experiência na área de Ciência da Informação, com ênfase em Representação Descritiva e Comunicação Científica.
Moderador: José Fernando Modesto da Silva

11:40h – Debate
12h às 14h ­Almoço

Tarde

14h – Mesa Redonda – “RDA: Impactos para usuários e profissionais da informação”
Convidados:
Plácida Leopoldina Ventura Amorim da Costa Santos
Graduada em Biblioteconomia pela UNESP (1980), mestrado em Ciência da Informação pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1983), doutorado em Lingüística pela FFLCH/USP (1994) e Livre­docente em Catalogação pela UNESP (2010). Atualmente é docente do Departamento de Ciência da Informação da FFC/UNESP, realiza atividades de docência na graduação nas disciplinas Catalogação, Catalogação Automatizada e MARC21. No Programa de Pós-­Graduação em Ciência da Informação atua na linha de pesquisa Informação e Tecnologia. Coordena o Grupo de Pesquisa Novas Tecnologias em Informação (GP­NTI) e desenvolve suas pesquisas nas temáticas: Metadados, Catalogação e Tecnologias, Intersemiose Digital, Redes de Informação, Mapa do conhecimento humano, vinculadas as linhas: TIC aplicadas as Unidades de Informação; Intersemioses Digitais. É pesquisadora CNPq, nível 2, membro do corpo editorial da Revista Eletrônica Informação e Cognição e parecerista de agências de fomento e de periódicos científicos, participa como revisora e membro de Comitês Científicos de periódicos científicos em Ciência da Informação no Brasil e no exterior. É membro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós­-Graduação em Ciência da Informação ANCIB e membro da Diretoria da Sociedade Brasileira de Ciência Cognitiva SBCC.
José Fernando Modesto da Silva
Graduado em (1980) e Mestre (1989) em Biblioteconomia e Documentação pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (2001). Estágio Pós ­Doutoral na Universidade Carlos III de Madrid, Espanha (2008/2009). Atualmente é professor da Universidade de São Paulo. Experiência acadêmica na área de Ciência da Informação, com ênfase em Organização e Recuperação da Informação. Temas de interesse e pesquisa: Representação Descritiva, Formatos Bibliográficos, Metadados, Automação de Bibliotecas, Software Livre, Internet e Redes Sociais, Repositórios digitais, Mercado de trabalho e Gestão de carreira para bibliotecários.
Naira Christofoletti Silveira
Docente na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), ministra disciplinas na área de Representação Descritiva. Doutoranda em Ciência da Informação na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Mestre em Ciência da Informação pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC­Campinas). Bacharel em Biblioteconomia e Ciência da Informação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).
Moderador: Oscar Eliel

15:30h às 15:50h – Pausa para café
15:50h – Debate
16:50h – Encerramento dos trabalhos
Relatora: Célia Maria Ribeiro Organização: Sistema de Bibliotecas da UNICAMP/ Diretoria de Tratamento da Informação (SBU/DTRI)

Mais informações e inscrições: foruns.bc.unicamp.br/tecno/foruns_tecno.php 

 

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Um novo caminho para a humanidade: “Nossa inteligência está cega”! (Morin)

IDEIAS
Em palestra na Sala São Paulo, o pensador francês afirma que é preciso construir um novo caminho para a humanidade, que inclua a integração dos saberes e o equilíbrio entre unidade e diversidade

by PAULO HEBMÜLLER

Para construir um novo caminho para a humanidade e evitar a catástrofe e a barbárie, é preciso, entre outras coisas, reintegrar saberes que foram separados e ter consciência das ambivalências presentes em todas as dimensões da vida. Fazendo a defesa do “bem-viver” em contraposição ao “bem-estar”, o sociólogo, historiador e filósofo – ou “humanista planetário”, como se define – Edgar Morin plantou suas sementes de utopia para a plateia que lotou a Sala São Paulo em mais uma conferência do ciclo Fronteiras do Pensamento, na noite do dia 9.

Segundo Edgar Morin: "Nossa inteligência está cega". Será preciso construir um novo caminho para o conhecimento.

Morin abriu sua fala com a crítica ao fato de que uma agência privada “rebaixar” de três para dois “A” a classificação dos Estados Unidos seja capaz de desencadear uma tempestade mundial nas bolsas de valores. “A especulação financeira dominou os Estados, as nações e os povos”, dispara. “O século 21, que não conheceu o totalitarismo do século 20, viu o desenvolvimento de um novo polvo: o da especulação financeira, de um capitalismo mais forte que tudo.” Para o pensador, a impotência dos governos dos países desenvolvidos em relação a esse quadro é total. É preciso, portanto, implantar políticas capazes de dar respostas a ele.

Morin citou o filósofo espanhol Ortega y Gasset (“não sabemos o que acontece, e é isso que está acontecendo”) para registrar que 95% dos economistas não haviam previsto a crise global de 2008 nem a sua evolução. É mais um sintoma da separação dos saberes: “Separamos a ciência econômica, a psicologia, as ciências da religião, a sociologia, mas esses conjuntos estão ligados. O modo de conhecimento que nos ensinaram torna-nos incapazes de compreender os problemas nacionais e globais. Nossa inteligência está cega”, diz.
Essa situação faz com que exista hoje uma incapacidade de enxergar as relações entre a economia e suas complexas repercussões na sociedade. “O cálculo não pode entender o sofrimento, o amor, a felicidade, as coisas mais importantes de nossa vida”, afirma Morin. Os números que estão no PIB e nas pesquisas, continua, não podem saber tudo e constituem um saber limitado e cego.

Além da supremacia da especulação e dos números, há um outro “polvo” perigoso, diz o filósofo: o do maniqueísmo e do fanatismo, que se manifesta em visões fechadas, capazes de levar a conflitos étnicos, religiosos ou nacionalistas. “Tudo isso é antigo, mas foi retomado com vigor e poder extraordinário em nossa época”, lamenta. “Tivemos agora na Noruega um exemplo extremo, mas simbólico de alguma coisa nova.”

União e divisão – Um dos paradoxos – ou ambivalências – de nosso tempo é que o mundo está ao mesmo tempo cada vez mais unificado e cada vez mais dividido. Na esteira da queda da União Soviética e “dos países pretensamente socialistas”, na virada das décadas de 1980 e 90, houve a unificação técnica e econômica do globo. Paralelamente, surgiram formas de ruptura, com fechamento e isolamento de países ou povos. Entre os exemplos estão as guerras na antiga Iugoslávia, a divisão da Tchecoslováquia e os massacres étnicos no Iraque, cita o pensador.

Muitas comunidades incorporaram os aspectos técnicos da globalização, mas se fecharam no plano político e psicológico. “A unificação tende a destruir culturas singulares e ligadas a conceitos históricos específicos”, considera. Junto à globalização, o fim do século 20 trouxe o desmonte da crença de que o progresso era uma lei histórica e que a humanidade só poderia evoluir para o melhor – crença que vigorava de diferentes formas no Ocidente, nos países socialistas ou no mundo árabe. “Em todos esses lugares houve o desabamento da esperança e o crescimento do medo e da angústia. Em momentos de crise e medo do futuro, tendemos a nos refugiar no passado e nos fechar sobre nossa identidade”, descreve Morin.

Para construir um novo cenário, defende, é preciso procurar a unidade humana em sua diversidade. “A unificação não pode ser só técnica e econômica, mas sim de cultura, de pátria e de nações. Há uma unidade humana genética, fisiológica, cerebral. Todos os seres humanos riem, choram, sofrem, amam. Mas essa unidade se manifesta em diversidade extraordinária, porque cada indivíduo é diferente do outro. Precisamos de diversidade, mas ela precisa de unidade.” A mudança inclui uma política que não divinize a si mesmo e nem veja no outro o inimigo.
A crise econômica, aponta Morin, “é apenas um aspecto virulento de uma crise múltipla que a globalização desencadeou”. No mesmo pacote estão o aumento das diferenças e a redução da solidariedade em prol do individualismo e do egoísmo. As ameaças em nossos dias vão desde o poder cada vez maior das armas de destruição em massa até a possibilidade de degradação total da biosfera. Para o filósofo, as crises nunca são apenas econômicas. A Grande Depressão de 1929 começou com o crash da Bolsa de Nova York, mas seus efeitos fizeram com que o Partido Nazista chegasse ao poder pelas vias legais na Alemanha em 1933, além de deflagrar a Guerra Civil na Espanha, em 1936, integrando todo um contexto que levou à Segunda Guerra Mundial três anos depois. “Da economia, chegou-se a uma crise generalizada para toda a humanidade”, diz. “Todos os problemas estão interligados. Nos nossos dias, a proliferação de armas de destruição em massa no contexto dos tribalismos é grave.”

Metamorfose – Para não se dizer que Morin não falou em flores, o humanista planetário considera que um dos lados positivos da globalização é permitir que toda a humanidade compreenda que a Terra é uma só pátria. “A globalização origina o melhor e o pior das coisas”, define. Como? Em muitas comunidades, explica, ela libertou as novas gerações do patriarcalismo, criou novas classes médias e gerou aumento do consumo, além de propiciar a incorporação de novas noções de direitos humanos. Ao mesmo tempo em que trouxe progresso, porém, a globalização levou à transformação da pobreza em miséria. O pequeno agricultor, ainda que tire da terra apenas o mínimo para seu sustento básico, consegue manter sua autonomia. Porém, se é expulso do campo, engrossa os cinturões de miséria presentes em praticamente todas as grandes cidades do mundo. “É preciso ter consciência da ambivalência”, repete Morin.

Mudar de caminho é necessário porque “a nave Terra está cada vez mais sendo levada sem que haja piloto ou ponto de controle da pilotagem”, diz. A nova via – que, Morin adverte, não está pronta e não se sabe ao certo como será – exigirá novas formas de política e de pensamento, mas deve incorporar elementos trazidos à tona pela globalização. “De um lado é preciso desglobalizar e salvaguardar as culturas regionais, e de outro globalizar o que colabora com a cultura planetária.” O Ocidente, exemplifica, precisa reencontrar a solidariedade das sociedades tradicionais e suas relações com a natureza, além de valorizar o que chamou de “pensamento do Sul”, que pode revitalizar o ressecado humanismo europeu.

Também se deve rever o conceito de desenvolvimento, que impõe uma fórmula padronizada a países e povos distintos. Ao mesmo tempo, é preciso envolver, ou seja, proteger o que nos situa numa comunidade específica. Novamente, Morin chama a atenção para a necessidade de considerar as ambivalências: precisaremos do individualismo e do comunitarismo; de condenação e de combinação; de desenvolvimento e redução.

Nas crises, os sistemas que mantêm o equilíbrio são bloqueados e os desvios se desenvolvem – porém, existe a capacidade da metamorfose, como ocorre com a lagarta que se encerra como crisálida e ressurge como borboleta. Um inseto que começa rastejando termina voando, mas para isso a lagarta precisa se autodestruir e dar origem à borboleta, aponta Morin. Essa possibilidade não se restringe aos insetos: cada ser humano nasceu de uma metamorfose, porque transformou-se de óvulo em embrião e passou nove meses em meio líquido “até chegar gritando ao mundo em que temos que respirar sozinhos”, compara.
Muitas vezes houve grandes mudanças que começaram com indivíduos. No campo religioso, os exemplos estão em Buda, Jesus Cristo e Maomé. O próprio capitalismo nasce dos parasitas da sociedade feudal, até que a burguesia se desenvolve e ganha poder. Os teóricos socialistas também eram ignorados quando escreveram, mas no final do século 19 suas ideias ganharam relevância e surgiram os partidos e revoluções socialistas e o que se seguiu a elas, “para o melhor e o pior”. Também para o melhor e o pior as sociedades se transformaram ao longo da história, criando classes sociais, cidades, governos etc. “A história é feita de momentos sublimes, por exemplo, na arte, e horríveis, como nas guerras e na barbárie”, lembra Morin.

Dimensão poética – Para traçar o novo caminho, que será feito no próprio caminhar, como diz o poeta espanhol Antonio Machado, citado pelo conferencista, será necessário reformular a educação, reintegrando os saberes hoje fragmentados, e levar em conta não só o aspecto quantitativo. “O quantitativo abafa o qualitativo. O viver é a qualidade poética da vida”, considera o pensador. “A vida é prosa e poesia. A prosa é a parte das obrigações, o que nos aborrece e que temos que fazer para nosso sustento. Na poesia estão a alegria, o amor, a liberdade.” Nessa perspectiva, Morin sugere que o conceito de bem-estar deve ser trocado pelo de bem-viver. “O bem-estar foi reduzido só ao conforto e aos recursos materiais e técnicos. O bem-viver inclui as outras dimensões que constituem o tecido da nossa vida”, diz.

Fácil não será, adverte, porque as relações humanas são complexas, assim como viver em proximidade e comunidade – a incompreensão reside em nós mesmos, na família, no trabalho, na universidade. “Tendemos a projetar no outro nossos defeitos, carências e culpas, e ao mesmo tempo nos inocentar”, ressalta. Porém, já há sinais dispersos de mudanças. Morin os enxerga nas medidas que muitas cidades europeias estão tomando para melhorar a alimentação, restringindo o comércio de produtos industrializados e com alto uso de agrotóxicos, e valorizando a produção local e orgânica. Em outras localidades, inclusive no Brasil, orquestras formadas nas periferias permitem que jovens reinventem sua vida com a arte. Essas pequenas experiências podem ser comparadas, em sua visão, à junção de pequenos rios que conformam um colosso como o Amazonas.

Morin diz que, ao longo de toda a sua vida, apostou no improvável – lutou, por exemplo, no movimento de resistência à ocupação nazista da França, num momento em que o avanço alemão era avassalador e a vitória das tropas de Hitler na Segunda Guerra parecia inevitável. “No improvável há a esperança. Não é certeza, mas a esperança pode ressuscitar nas novas gerações e mostrar que um novo caminho é possível”, diz. Ao responder a uma pergunta da plateia sobre o que espera da vida agora que chega aos 90 anos, esse parisiense, enfático, respondeu com firmeza e um sorriso no rosto: “Nunca tive planos. O que sou, continuo sendo. Vou continuar em minhas buscas com curiosidade, conhecimento e amor”.

Fonte: http://espaber.uspnet.usp.br/jorusp/?p=17169

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Fórum “Como era a escola: experiências de preservação, memória escolar e cultura material”

INFORMAÇÕES GERAIS
Local: Centro de Convenções da UNICAMP
Data: 15 de Setembro de 2011
Horário: Das 9h às 17h
Informações adicionais: eventofe@unicamp.br

SOBRE O EVENTO
O fórum “Como era a Escola: Experiências de Preservação, Memória Escolar e Cultura Material” irá discutir o patrimônio cultural escolar, as políticas públicas voltadas para a preservação e gestão documental, como também apresentar projetos de preservação e divulgação em sites específicos voltadas para esse fim. Concomitante às experiências citadas, procurar-se-á apresentar o desenvolvimento e o resultado de projetos realizados no âmbito acadêmico, com a recuperação de acervos históricos em escolas de ensino público e museus escolares, visando a preservação de arquivos, bibliotecas e material museológico, na interface da memória e da história. No âmbito de discussão teórica pertinente, sobre os conceitos de Cultura Material e Cultura Material Escolar, buscar-se-á ater-se sobre a importância da organização e disponibilização de fontes de pesquisa para a educação, sobretudo a história da educação.

OBJETIVO: discutir as experiências de preservação da Memória Escolar e da Cultura Material, com ênfase, em especial:
– ao patrimônio cultural escolar e suas interfaces, a partir da experiência no Museu da Escola Catarinense;
– às políticas públicas voltadas para projetos de preservação e gestão documental no estado de São Paulo;
– a projetos desenvolvidos em escolas de Campinas/SP, abordando o arquivo, o museu e a biblioteca;
– à cultura material e possibilidades de leitura do tema.

PROGRAMA
MANHÃ
9h – Abertura Oficial
Carmen Zink – Assessora da Coordenadoria Geral da Universidade
Sergio Antonio da Silva Leite – Diretor da Faculdade de Educação da Unicamp
Cecília de Godoy Camargo Pavani – Departamento de Educação da RAC
Antonio Carlos Rodrigues de Amorim – Presidente da ALB
Maria Ângela Miorim – Centro de Memória da Educação – FE/UNICAMP
Maria Cristina Menezes – CIVILIS/FE/UNICAMP
09h30 – Conferência de Abertura: Patrimônio cultural escolar na interface da história da leitura e dos livros. Experiência no Museu da Escola Catarinense
Conferencista: Dra Maria Teresa Santos Cunha – UDESC/SC – Coordenadora GT História da Educação ANPED.
Coordenação: Profa. Dra. Maria Cristina Menezes – CIVILIS/FE/UNICAMP
10h15 às 10h45– Intervalo para café
Roda de autógrafos com os autores de livros relacionados à temática do fórum
10h30 – Mesa Redonda: O Patrimônio Público em Pauta: projetos de preservação e gestão documental da Educação Paulista.
Expositores: Diógenes Nicolau Lawand e Suely Ramos da Silva – Memorial da Educação do Centro de Referência em Educação – CRE – Mario Covas
Eliana Martinelli Avagliano – Diretora Técnica do Centro de Coordenação dos Protocolos Estaduais – Programa de Gestão Documental Itinerante – Arquivo Público do Estado de São Paulo.
Coordenação: Prof. Dr. André Paulilo – CIVILIS/FE/UNICAMP
12h00 às 14h00 – Almoço
TARDE
14h00 – Mesa Redonda: Escolas de Campinas: O arquivo, o museu e a biblioteca.
Expositores: Profa Dra Maria Cristina Menezes – CIVILIS/FE/UNICAMP
Prof. Dr. Reginaldo Alberto Meloni – UNIFESP – CIVILIS/FE/UNICAMP
Coordenação: Prof. Dr. André Paulilo – CIVILIS/FE/UNICAMP
15h30 – 16h00 – Intervalo para Café
16h00 – Conferência de Encerramento: Cultura Material: possibilidades, leituras
Conferencista: Prof. Dr. Pedro Paulo Abreu Funari: IFCH/UNICAMP/Coordenador do Centro de Estudos Avançados (CEAV) – UNICAMP
Coordenação: Prof. Dra Ediógenes Aragão Santos – CIVILIS/FE/UNICAMP
17h00 – Encerramento

ORGANIZADORES

  • CIVILIS: Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação, Cultura Escolar e Cidadania -FE/UNICAMP; coordenadoras: Profa. Dra. Maria Cristina Menezes; Profa. Dra. Ediógenes Aragão Santos;
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I Seminário de Pesquisa em Arte e Educação

Estão abertas as inscrições para o I Seminário Multidisciplinar de Estudo e Pesquisa em Arte e Educação – Processos de Criação na Educação e nas Artes, organizado pelo Grupo de Pesquisa em Arte e Educação e pela professora Sumaya Mattar, do Departamento de Artes Plásticas (CAP).

As inscrições são gratuitas, limitadas e podem ser feitas pelo site do grupo até o dia 12 de setembro.

I Seminário Multidisciplinar de Estudo e Pesquisa em Arte e Educação

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