Biblioteca – Colaboratório de Infoeducação https://colabori.eca.usp.br Sat, 08 Apr 2017 15:17:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.9.8 Seminário Regional de Bibliotecas Públicas – em Ubatuba https://colabori.eca.usp.br/?p=487 https://colabori.eca.usp.br/?p=487#respond Thu, 16 Feb 2012 19:19:06 +0000 https://colabori.eca.usp.br/?p=487 Continue lendo ]]> Prefeitura Municipal de Ubatuba – Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba – Grupo de Pesquisa em Tecnologia e Produção Científica da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo Promovem Seminário Regional de Bibliotecas Públicas.

 

Sábado, 10 de março – na FUNDART – Sobrado do Porto, Praça Nóbrega 54, Centro, Ubatuba

Tema: Papel da Biblioteca Pública no Desenvolvimento Social e Econômico da Região.

Local: Ubatuba (FUNDART – Sobrado do Porto), Praça Nóbrega 54, Centro

Público: Bibliotecários, Técnicos em Biblioteconomia, encarregados e outros interessados (100 vagas)

Data: 10/03/2012 (sábado)

Horário: 8:00 às 16:30 horas (com intervalo para almoço)

Inscrições gratuitas: preencha o formulário abaixo e encaminhe para: fundart@fundart.com.br

Objetivo

Fortalecer os vínculos profissionais e os conhecimentos biblioteconômicos das pessoas que atuam nas bibliotecas públicas da região compreendida pelo Vale do Paraíba e pelo Litoral Norte Paulista.

Apoio

Conselho Regional de Biblioteconomia – 8ª Região

Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP)

Promoção

Prefeitura Municipal de Ubatuba

FUNDART-Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba

Grupo de Pesquisa em Tecnologia e Produção Científica da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo

Patrocinadores

Biccateca

ModalNetworks

Comissão Organizadora

Prof. Dra. Maria Helena T.C. de Barros (UNESP)

Prof. Dr. José Fernando Modesto da Silva (USP)

Dra. Regina Celi de Sousa (Machado, Meyer Advogados)

Programa Preliminar

8 horas: Entrega do material

9:00 horas – Auditório – Abertura solene (Prof. Pedro Paulo Teixeira Pinto, Diretor da FUNDART). Apresentação do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (Fundação Biblioteca Nacional), pela   Diretora  Profa. Dra. Elisa Machado.

9:30 – 10:30 h – 1ª Sessão – Desenvolvimento de coleções aplicado à Biblioteca Pública (Prof. Dr.Waldomiro Vergueiro/USP)

10:30 – 12:00 h – 2ª Sessão – Biblioteca Pública nas Redes Sociais (Prof. Dr. Marcos Muccheroni/USP e Prof. Dr. Fernando Modesto/USP)

12:00 – 13:00 h – Almoço (livre)

13:00 – 14:00 h – 3ª Sessão: Atividades Culturais e a Inclusão na Biblioteca Pública (Profa. Dra. Maria Helena T.C. de Barros/UNESP e a Ms. Rosane Faggotti Voss/Diretora da Biblioteca Estadual de São Paulo)

14:00 – 15:00 h – 4ª Sessão: Aspectos políticos e econômicos da informação para o público da Biblioteca Pública (Prof. Dra. Elisa Machado/SNBP)

15:00 – 16:00 h – Café e exibição de posters de projetos e realizações das Bibliotecas Públicas da Região (Vale do Paraíba e Litoral Norte Paulista)

16:00 – 16:30 h – Carta/Manifesto de Ubatuba – Sessão de Encerramento.

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Ficha de Inscrição(Evento Gratuito)

Será fornecido certificado de participação.

Preencha o cadastro e envie para:  fundart@fundart.com.br

NOME:

PROFISSÃO:

ENDEREÇO:

BAIRRO:

CIDADE:

UF:

CEP:

TELEFONE: ( )

E-MAIL:

INSTITUIÇÃO:

CARGO:

CPF:

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https://colabori.eca.usp.br/?feed=rss2&p=487 0
Fórum de Debates: as Bibliotecas da USP e a Sustentabilidade https://colabori.eca.usp.br/?p=462 https://colabori.eca.usp.br/?p=462#respond Mon, 28 Nov 2011 12:41:13 +0000 https://colabori.eca.usp.br/?p=462 Continue lendo ]]>
Prezado(a)s Colaboradores e Amigos do ColaborI,Temos o prazer de convidá-lo(a) a participar do Evento:SIBiUSP 30 Anos – Fórum de Debates: As Bibliotecas da USP e A SUSTENTABILIDADE

A Sustentabilidade se refere à busca pelo equilíbrio e evolução harmoniosa de diferentes lógicas: lógica social, econômica, política e ambiental. É papel da Universidade propor soluções sustentáveis em diferentes âmbitos buscando este equilíbrio. Biblioteca Verde e Biblioteca Sustentável são temas que têm se tornado recorrentes no cenário internacional. Esta preocupação também está presente no SIBiUSP, expressa em iniciativas de inovação, operações, práticas de conservação, novos serviços, conscientização e na eficiência de processos.
Data: 28.11.2011
Horário: 14h-Abertura do Evento
Local: Auditório Altino Antunes da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP
Av. Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva, 87 – Cidade Universitária – São Paulo/SP
PROGRAMAÇÃO

 

14h – Abertura

14h10min – Pedro Roberto Jacobi (FE/USP)
Educação para Sustentabilidade: iniciativas e práticas na Universidade de São Paulo

14h40min – Prof. Dr. Marcelo Andrade Roméro (FAU/USP)
Arquitetura para Sustentabilidade

15h10min – Márcia Regina Migliorato Saad (ESALQ/USP)
Bibliotecas e Sustentabilidade

15h40min – Cristiani Regina Andretti (UNIVALI)
Bibliotecas e Sustentabilidade

16h10min – Debate – Moderação: Rachel Bidermnann Furriela (World Resources Institute no Brasil)

16h50min – Encerramento com Coquetel

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Organização:
Biblioteca da Escola de Educação Física e Esporte – www.usp.br/eef/
Biblioteca da Faculdade de Educação – www4.fe.usp.br/biblioteca
Biblioteca Central da Faculdade de Medicina – www.fm.usp.br/biblioteca/
Biblioteca da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – www.fmvz.usp.br/biblioteca
Apoio:
Departamento Técnico do Sistema Integrado de Bibliotecas da – www.biblioteca.usp.br
IPTV USP – www.iptv.usp.br
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Biblioteca da era digital https://colabori.eca.usp.br/?p=453 https://colabori.eca.usp.br/?p=453#respond Tue, 22 Nov 2011 18:05:34 +0000 https://colabori.eca.usp.br/?p=453 Continue lendo ]]> Em Lausanne, na Suíça, o Centro Rolex substitui as prateleiras por multimídia

06 de novembro de 2011 | 3h 07

 

BERND MUSA, HILMAR SCHMUNDT, DER SPIEGEL – O Estado de S.Paulo

Um prédio parece flutuar feito uma nuvem sobre a margem norte do Lago Genebra. Esta é a nova biblioteca do Instituto Federal Suíço de Tecnologia, em Lausanne, uma instalação futurista de vidro e concreto. O Centro Rolex de Aprendizado reúne o acervo das bibliotecas de dez departamentos acadêmicos numa única localização central. Aqui, estudar sozinho cercado por prateleiras de aço é coisa do passado. Em vez disso, esta biblioteca do futuro procura ser um mercado de ideias.

Sua diferença em relação às bibliotecas tradicionais fica evidente logo na entrada, que conta com vitrines de vidro exibindo dispositivos eletrônicos fabricados pela Logitech e paredes das quais pendem relógios Rolex gigantescos, uma referência aos fundadores da biblioteca. Um café oferece croissants frescos e jornais em inglês, francês, árabe e chinês. Uma livraria vende livros de Tintin e cartões -postais cafonas. O complexo conta até com um restaurante chique.

Rampas de acesso para deficientes, curvadas como pistas de esqui, cortam o edifício. As janelas se abrem automaticamente quando o ar fica abafado e, então, pardais entram pelos vãos e sobrevoam os coloridos pufes onde os estudantes cochilam e conversam. Casais flertam sob lustres projetados pela Artemide. O mais raro de se ver aqui são os livros. A instalação parece projetada com o objetivo de mostrar aos visitantes que aprender é muito divertido.

“O que criamos aqui se parece com uma Disneylândia do conhecimento”, diz David Aymonin, supervisor da construção do Centro. “Nós, bibliotecários, não estamos mais a serviço dos livros, mas dos frequentadores da biblioteca. Muitos estudantes passam boa parte do dia aqui”, diz Aymonin. “Por isso oferecemos a eles muito do que precisam para satisfazer suas necessidades básicas: comida, descanso, compras e, claro, acesso aos livros usados por eles em seus cursos.” Na época das provas, a demanda por livros e lanches dobra.

Mas há quem se pergunte se laptops e outros instrumentos da era digital são, de fato, benéficos ao aprendizado dos estudantes. “Quando há um livro sobre a mesa, é mais fácil promover um debate a respeito dele, mas a tela de um laptop é uma barreira visual que separa as pessoas umas das outras”, diz Frédéric Kaplan, que pesquisa o futuro da leitura com especialistas em educação e programadores no Centro Rolex. “Queremos substituir o computador pessoal por um ‘computador interpessoal'”, explica.

Kaplan está diante de um robô capaz de projetar gráficos e textos sobre uma mesa. O sonho dele é criar bancos de dados que possam ser explorados por múltiplos usuários ao mesmo tempo por meio da manipulação das imagens sobre a mesa. “Aprender com os livros é algo que se pode fazer individualmente, mas o desenvolvimento desse aprendizado é algo que só pode ser feito por meio do debate com outros leitores. Aqui estamos pesquisando uma forma de promover debates inteligentes.”

Para tanto, a mesa diante dele conta com microfones internos que registram de qual lado da mesa está ocorrendo a conversa. “Quando uma conversa começa a se parecer mais com um monólogo, a mesa intervém, mudando de cor”, explica Kaplan, vendo-se obrigado a rir de si mesmo enquanto a mesa diante dele começa a brilhar com um vermelho forte. /

Tradução de Augusto Calil

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,biblioteca-da-era-digital-,795217,0.htm

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IV Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias https://colabori.eca.usp.br/?p=404 https://colabori.eca.usp.br/?p=404#respond Fri, 18 Nov 2011 13:46:17 +0000 https://colabori.eca.usp.br/?p=404 Continue lendo ]]> Incentivo à leitura e novas mídias são os temas centrais do IV Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias

Evento realizado pela Secretaria de Estado da Cultura reúne em São Paulo palestrantes de quatro países e 800 profissionais de todo o País

De 22 a 24 de novembro, profissionais de todo o Brasil vão discutir novas formas de incentivar a leitura e disseminar a informação nas diversas mídias durante o IV Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias, realizado pela Secretaria de Estado da Cultura. Redes sociais, acervo digital, acessibilidade, competência em informação e biblioterapia são alguns dos temas incluídos na programação. São 800 vagas no total, todas gratuitas. Ainda dá tempo de se inscrever.

“As bibliotecas precisam se renovar para atrair o público. A troca de experiências que um encontro como este proporciona é essencial para a capacitação dos profissionais e geração de novas ideias”, afirma o Secretário de Estado da Cultura, Andrea Matarazzo. A Secretaria coordena o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas, com cerca de 950 unidades em todo o Estado de São Paulo.

O Seminário inclui palestras e mesas redondas com especialistas de Portugal, Chile, Colômbia e Alemanha, além de gestores e pesquisadores de São Paulo e outros estados. Da Colômbia, a bibliotecária Adriana Betancur falará sobre as políticas de incentivo à leitura do país, considerado modelo na América Latina, e sobre a BiblioRed – rede de bibliotecas públicas de Bogotá que atrai 4,7 milhões de usuários por ano.

A bibliotecária Clarice Fortkamp Caldin, da Universidade Federal de Santa Catarina, falará sobre biblioterapia – a possibilidade de uso terapêutico da leitura de textos literários, partindo-se do pressuposto de que toda experiência poética libera emoção e produz uma reação de alívio da tensão.

Além das palestras seguidas de debates, projetos com resultados positivos serão apresentados em painéis, a exemplo do Leitura na fábrica, desenvolvido com metalúrgicos de 35 indústrias da região do ABC, na Grande São Paulo. Cada fábrica recebeu um ponto de leitura com 650 títulos, computador, impressora, estantes, pufes e tapetes. Agentes de leitura foram capacitados para estimular a aproximação entre funcionários e os livros.

Nos dias 23 e 24, o Seminário promoverá visitas monitoradas à Biblioteca de São Paulo, no Parque da Juventude. A BSP, que pertence ao Governo de São Paulo, atrai cerca de 30 mil visitantes por mês e tem se firmado um modelo a ser seguido por outras bibliotecas públicas.

O IV Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias acontecerá no Sesc Pinheiros. As inscrições são realizadas exclusivamente por meio do endereço eletrônico www.bibviva.com.br. O site do evento traz também a programação completa e um guia de informações úteis e orientações para profissionais que vêm de outras cidades e estados. A realização é da Unidade de Bibliotecas e Leitura da Secretaria e da SP Leituras – Organização Social de Cultura.

Serviço

IV Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias
Quando: de 22 a 24 de novembro de 2011
Onde: SESC Pinheiros – Rua Paes Leme, 195, Pinheiros, São Paulo/SP
Inscrições: www.bibviva.com.br. Grátis (sujeita à confirmação)

Assessoria de Imprensa

Secretaria de Estado da Cultura

Ciro Bonilha – 11 2627 8166 – cbonilha@sp.gov.br

Renata Beltrão – 11 2627 8164 –  rmbeltrao@sp.gov.br

Ariett Gouveia – 11 2627 8162 – agouveia@sp.gov.br

Amanda Ventura – 11 2627 8070 – amandav.cultura@gmail.com

Inscrições

http://www.bibviva.com.br/inscricao.asp

 

 

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As bibliotecas sem leitores https://colabori.eca.usp.br/?p=372 https://colabori.eca.usp.br/?p=372#respond Fri, 14 Oct 2011 14:28:04 +0000 https://colabori.eca.usp.br/?p=372 Continue lendo ]]> por Gabriel Bonis 13 de outubro de 2011 às 16:25h.

Poucas para um Brasil de quase 200 milhões de pessoas, sem programação adequada e com horários restritos, a maioria delas vive às moscas. Fotos: Gabriel Bonis

Durante a semana, a biblioteca pública Roberto Santos, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, está praticamente deserta pela manhã. Além dos funcionários, poucos visitantes aproveitam o silêncio para ler um jornal ou revista. O vazio já não assusta: os brasileiros não têm o hábito de ler. Segundo um levantamento de 2007 do Instituto Pró-Livro, a população do País lê apenas 1,3 livro por ano, enquanto nos EUA esse índice chega a 11 e na França, a sete.

Para tentar mudar esse quadro e destacar a importância da leitura, há três anos o Dia Nacional da Leitura foi oficializado em 12 de outubro, também Dia das Crianças. “Quanto mais cedo uma pessoa for colocada perto da leitura e da escrita, maior será a sua intimidade, conforto e habilidade com o código ao longo do tempo”, destaca, em conversa com o site de Carta Capital, Christine Castilho Fontelles, diretora de Educação e Cultura do Instituto Ecofuturo, uma ONG focada em projetos educacionais.

Contudo, as crianças e os adultos interessados em utilizar uma das 4.763 bibliotecas públicas municipais do País enfrentarão uma série de dificuldades estruturais, a começar pelo horário de funcionamento e o baixo número destas instituições. Para se ter uma ideia, somente no estado de Nova York, nos EUA, há sete mil bibliotecas.

De acordo com o 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais, realizado no ano passado pela Fundação Getúlio Vargas, apenas 79% das cidades brasileiras possuíam ao menos uma biblioteca aberta em 2009, com média de 2,67 para cada 100 mil habitantes. Porém, apenas 12% delas funcionavam aos sábados, 1% aos domingos e 24% no período noturno.

“Serviços de cultura têm que abrir aos fins de semana, se não o que seria dos teatros e cinemas? Uma biblioteca pública fechada reflete a mentalidade de um projeto de virar as costas às necessidades de leitura do País”, questiona Edmir Perrotti, doutor em Ciências da Comunicação e especialista em políticas públicas em comunicação e leitura.

Ponto de vista apoiado por Fontenelles, para quem os horários das bibliotecas deveriam se adequar às necessidades da comunidade local, colaborando para a formação de novo leitores. “É desafiador criar uma cultura de leitura, para isso temos que oferecer um serviço adequado.”

No entanto, o quesito quantidade não é o único problema identificado. A inclusão também é negligenciada amplamente pelas bibliotecas públicas municipais. Apenas 9% oferecem serviços para deficientes visuais, como audiolivros ou obras em Braille, e 6% desenvolvem atividades para surdo-mudos, deficientes mentais ou físicos. Sem mencionar serviços básicos como a disponibilização de computadores com acesso à internet ao público, presente em menos de 30% das instalações. “Aqui os computadores são apenas para busca de livros no acervo”, diz Filomena Janowsky, coordenadora da biblioteca Roberto Santos. Em visita ao local, recém reformado, a reportagem de CartaCapital também não avistou materiais de leitura especiais ou elevadores.

Há 20 anos a trabalhar no local e prestes a se aposentar, Janowsky mostra animada o estabelecimento, uma das oito bibliotecas temáticas da prefeitura de São Paulo. Criadas entre 2006 e 2008, trazem também um acervo com conteúdos específicos e oferecem programação cultural sobre um determinado tema, neste caso, como a decoração repleta de claquetes, rolos de filmes e iluminação especial espalhadas pelos cômodos sugere, o Cinema.

O local oferece cursos na área, além de exibir filmes em cabines individuais e em um bem equipado auditório de 101 lugares. Até mesmo o horário de fechamento, às 17h de segunda à sexta, é burlado para a realização de oficinas durante à noite e sessões de cinema aos domingos, embora os demais serviços da biblioteca não funcionem fora do expediente – que também inclui o sábado.

No entanto, a ação temática deve ser encarada com cuidado, explica Perrotti. “Pode ser interessante como ideia, mas é preciso analisar como as práticas e iniciativas estão se dando. Porque é possível acabar interessando o público de cinema e afastando os demais.”

Um aspecto também apontado como insatisfatório no censo da FGV, no qual a frequência média dos usuários das bibliotecas públicas municipais é de quase duas vezes por semana. Além disso, 65% dos visitantes enxergam a estrutura como uma fonte de pesquisas escolares, 26% a utilizam para pesquisas em geral e somente 8% para o lazer.

Segundo Perrotti, uma das formas de escapar desse estigma é a implementação de projetos culturais efetivos, ao invés das atuais atividades de cultura esporádicas. “Projetos são orgânicos, sistemáticos, têm planejamento, acompanhamento e avaliação, mas isso não acontece”, diz, abrindo espaço para uma crítica à programação das bibliotecas nacionais. “Elas se nomeiam um serviço cultural, mas não trabalham as dimensões simbólicas da cultura, as significâncias, o ângulo estético do conhecimento.”

A composição do acervo é outro fator capaz de atrair leitores em busca de lazer, defende Fontelles, além de aumentar a média nacional de empréstimos, hoje em baixos 296 por mês. “Porém, a cultura da leitura não se faz sozinha, depende de professores apoiando e de estratégias de promoção da biblioteca, incluindo diagnósticos na região para criar um espaço vivo. Sem isso, conquista-se apenas um grupo de usuários fixos.”

Algo que para Janowsky não chega a ser negativo, por fortalecer os laços de usuários locais com a biblioteca e seus funcionários. “Eles vêm aqui e conversam com as recepcionistas sobre suas vidas, é uma terapia. Às vezes tenho até que aumentar o número de funcionários na recepção para atender os demais usuários. Esse também é o nosso trabalho.”

Elisabeth Zanella, atendente do estabelecimento há cinco anos, tem inclusive uma visitante favorita. Uma senhora de 85 anos, que todos os dias vai à biblioteca ler as notícias do dia e depois discutí-las na recepção. “A vinda aqui é só um pretexto, ela me traz até os seus exames médicos”, brinca.

Embora esse público também seja bem-vindo, Fontelles acredita que as bibliotecas devem usar todas as ferramentas disponíveis, incluindo as redes sociais, para atrair leitores efetivos. Um conselho seguido pela coordenadora da Roberto Santos, que disponibiliza em uma prateleira bem em frente à escada pricincipal para o acervo, os livros mais conhecidos, aqueles com capas mais atraentes, entre outros quesitos. Além disso, há um mural para os leitores deixarem uma resenha dos livros e ajudar na escolha dos usuários.

“Somos uma das bibliotecas que mais emprestam na cidade de São Paulo”, diz Janowsky, embora o estado seja o líder nacional na média de empréstimos, com 702 por mês.

A prateleira com os "destaques" fica em um lugar estratégico, em frente à escada principal para o acervo.

No entanto, é preciso ir além da divulgação para tornar um visitante esporádico em usuário frequente. Isso, de acordo com o especialista em políticas públicas para leitura, só pode ser feito com projetos consistentes e de longo prazo. Perrotti destaca um exemplo que acompanhou em Nova York, no bairro do Queens, um dos mais problemáticos da cidade norte-americana.

“Quando uma criança nasce lá, a biblioteca recebe um aviso do hospital e já começa a se preparar para atender aquela criança”, aponta Perrotti, destacando que as instituições estão sempre se adaptando ao cenário a seu redor para fortalecer os laços com a comunidade. “Ao aumentar o fluxo de imigrantes latinos, criaram-se cursos de inglês para estrangeiros e catálogos em espanhol. O mesmo ocorreu com a chegada dos chineses, com convites de escritores desse país para debates.”

Um cenário que ainda parece distante da realidade brasileira, na qual a prefeitura de São Paulo fechou em 2008 quatro bibliotecas alegando falta de público. “Não podemos esquecer que esse movimento de preocupação com as bibliotecas é relativamente recente, prova disso é que há uma década elas estavam definhando. Nunca houve uma proatividade de se construir um planejamento de cultura da leitura”, diz Fontelles. E completa: “Na medida em que as bibliotecas existam, as pessoas vão entrar em contato com as obras da história da humanidade e com a literatura. Uma coisa, afinal, é ler sobre a história russa e outra é ler um escritor russo, ver as tensões humanas e entrar em contato com esse lado.”

Leia mais:

A juventude e o descontentamento
Leitura de puro prazer
Microcontos na era do Twitter
‘A política suga a felicidade’

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/as-bibliotecas-sem-leitores.

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https://colabori.eca.usp.br/?feed=rss2&p=372 0
Colóquio Internacional E-books e o futuro das bibliotecas: evolução ou revolução? https://colabori.eca.usp.br/?p=226 https://colabori.eca.usp.br/?p=226#respond Tue, 02 Aug 2011 19:42:46 +0000 http://soaresoliva.com.br/colabori/?p=150 Continue lendo ]]>

O Goethe-Institut São Paulo, a Maison de France e o Instituto Cervantes com o apoio da Fundação Memorial da América Latina convidam para o colóquio internacional.

E-books e o futuro das bibliotecas : evolução ou revolução?

O colóquio tem por objetivo discutir a mudança da leitura no papel impresso, existente há quase 600 anos para a leitura digital e interativa. Os e-books estão se transformando em produto de massa, modificando de forma definitiva o modelo tradicional das bibliotecas e dos negócios editoriais.

Programação

8h – Recepção e credenciamento

9h – Abertura

9h30 – Estado atual da questão: oferta, negociação, valorização e uso dos e-books nas bibliotecas acadêmicas francesas

Claire Nguyen, bibliotecária, diretora do Consórcio Couperin da Bibliothèque Interuniversitaire de Santé Paris

Os e-books estão presentes nas bibliotecas acadêmicas desde 2007. Entretanto, os bibliotecários franceses reclamam de uma falta de qualidade na ofertas desse suporte em sua língua, oferta irregularmente repartida segundo as disciplinas e os níveis relativos a cada uma delas, sendo mal adaptada à demanda. Por esta razão, os negociadores do consórcio Couperin tentam construir a oferta e seus modelos conjuntamente com os editores, a fim de sustentar o desenvolvimento dos e-books. É necessário igualmente valorizá-los (por meio de descrições e pela sua promoção), o que permitirá desenvolver também seu uso. A célula e-books do consórcio Couperin acompanha ativamente esse processo, tanto no terreno da biblioteconomia quanto no dos consumidores – e minha intervenção é uma síntese desse processo.

10h30 – Experiências com e-books em uma biblioteca pública alemã

Frank Daniel, bibliotecário, diretor do departamento de serviços escolares e serviços eletrônicos da Stadtbibliothek Köln (Biblioteca Pública de Colônia)

Cada vez menos a nova geração compreende o sentido e a finalidade das bibliotecas. Na Internet pode-se obter informações atuais gerais e especializadas em qualquer hora e lugar. Além disso, houve um enorme aumento do uso de Smartphones, iPads, Tablet-PCs e e-Readers móveis. Juntamente com as lojas virtuais de e-books da Amazon, Apple e Google esta é uma ameaça real para o conteúdo tradicional das bibliotecas. Para continuar realizando sua tarefa clássica, uma biblioteca também deve disponibilizar na Internet fontes eletrônicas atrativas aos seus leitores, não acessíveis de forma gratuita. Uma possibilidade é o empréstimo digital online através da Firma DiViBib. Ele permite que usuários de bibliotecas façam o empréstimo de conteúdo digital licenciado pelas editoras como livros, audio-livros, músicas, filmes e jornais. O uso é por um período pré-determinado, através de download no computador ou dispositivo móvel do leitor. Em 2007 a Biblioteca Pública de Colônia foi biblioteca piloto e desde o princípio pode acompanhar a evolução do projeto. Atualmente são mais de 250 bibliotecas participantes, algumas delas também disponibilizam e-Readers para empréstimo. A palestra discute as seguintes questões: como funciona o empréstimo digital online e como é a experiência da Biblioteca Pública de Colônia? Como são disponibilizados os e-Readers? O que dizem os leitores? Quais as vantagens e desvantagens do empréstimo digital? Quais as alternativas para as bibliotecas públicas? Como será o futuro?

11h30 – discussão plenária

12h00 – intervalo para almoço – há restaurante por quilo no Memorial da América Latina

13h30 – O e-book, um desafio à criatividade: o caminho a seguir sob a ótica da Espanha

Antonio Rodríguez de las Heras, doutor em Letras e Filosofia, diretor do Instituto de Cultura y Tecnologia da Universidad Carlos III de Madrid

Esta apresentação divide-se em duas partes. A primeira, dedicada a uma exposição das características deste fenômeno cultural que gera a mudança do suporte da escrita. A passagem do papel ao suporte digital provoca um efeito dominó que alcança o livro códice, a edição, a distribuição, os modos de leitura e a escrita. Todas as manifestações seculares da cultura escrita se vêem afetadas. A indicação de todos estes fenômenos de mudança será um dos objetivos desta primeira parte. Mudanças no artefato de leitura, no espaço de leitura (da página para a tela), na escrita (do texto ao hipertexto; da ilustração à escrita multimídia) e do conceito de obra (da encadernação à “nuvem”). Apresentado este panorama que altera o até então estabelecido, a segunda parte estará centrada na resposta que as editoras (e os novos modelos de negócio), as bibliotecas (e a sua busca por novas funções), os hábitos e a mentalidade dos leitores e a criação dos escritores na Espanha.

14h30 – O cenário editorial francês em matéria de e-books

Jean-Michel Ollé, editor, diretor editorial da Hachette Livre International

Desde 2010, a edição francesa entrou, após muita hesitação, na era digital. Os catálogos digitais começaram a ganhar corpo. A oferta às bibliotecas, historicamente limitadas nestes últimos anos às revistas e publicações científicas, se diversifica em direção à Literatura e às Ciências Humanas.
Subsistem ainda numerosos problemas, jurídicos, técnicos e comerciais – em termos de controle de preços, de respeito à propriedade intelectual, de interoperacionalidade de dados etc. Mas esses problemas vão sendo identificados e, pouco a pouco, a profissão se organiza para oferecer ao público e às bibliotecas conteúdos de qualidade no formato e-book.

15h30 – Intervalo para café

16h – E-books: um belo e novo mundo?

Christoph Freier, administrador de empresas, diretor da divisão de Entretenimento da GfK Panel Services Deutschland

Na Alemanha, o ainda jovem mercado de comércio via download foi responsável por cerca de 5% dos gastos com entretenimento no ano de 2010. Também no mercado de livros são aguardados novos impulsos através dos e-books. Neste contexto e tendo como exemplo o mercado alemão, as seguintes questões serão examinadas de forma mais detalhada:

Que papel o comércio de livros digitais desempenha se comparados a mercados de entretenimento vizinhos?
Em que medida o tema e-book é conhecido do consumidor final, qual a atitude do consumidor frente aos livros digitais? Quais barreiras existem? – Qual a situação atual do mercado de e-books? (tamanho, estrutura de vendas, gêneros, preços)
Como é avaliado o mercado de e-books sob o ponto de vista das editoras e livrarias?
Qual o potencial do mercado de e-books?

17h00 – Discussão plenária

Serviço:
Data: 8 de setembro de 2011, 5ª feira
Horário: 8h às 17h30
Local: Auditório Simon Bolívar – Fundação Memorial da América Latina
Avenida Auro Soares de Moura Andrade 664
São Paulo – Capital
Estação Barra Funda do metrô – estacionamento no local

Inscrição gratuita e antecipada através do email biblioteca@saopaulo.goethe.org, constando nome completo, instituição e email. É obrigatória a apresentação de RG original para o empréstimo dos fones de tradução.

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Entrevista com professor Edmir Perrotti: “Biblioteca não é depósito de livros” https://colabori.eca.usp.br/?p=217 https://colabori.eca.usp.br/?p=217#respond Mon, 16 May 2011 13:53:00 +0000 http://soaresoliva.com.br/colabori/?p=217 Continue lendo ]]>

Edmir Perrotti é idealizador de redes de leitura em escolas e diz que é função do educador ajudar os estudantes a processar as informações do acervo. “Há uma série de estratégias possíveis para inserir a criança num contexto letrado.”

Desafios como a criação do hábito da leitura entre crianças e adolescentes, as novidades tecnológicas, a ampliação do acesso ao ensino e a sofisticação do mercado editorial levaram o professor Edmir Perrotti a uma nova concepção de biblioteca escolar e de seu papel pedagógico.

Com formação em Biblioteconomia – área que combinou com seu interesse em Educação -, ele é docente da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, conselheiro do Ministério da Educação para a política de formação de leitores e autor de livros infantis.

Perrotti orientou a implantação de redes de bibliotecas inovadoras nas escolas municipais de São Bernardo do Campo, Diadema e Jaguariúna, no estado de São Paulo. Nessas estações de conhecimento, como ele prefere chamá-las, a aprendizagem é estimulada pela presença de suportes tecnológicos, como o computador e a televisão.

Em um ambiente que convida as crianças a descobrir e aprofundar o prazer da leitura, os livros convivem com outras linguagens, como a do teatro. “Assim trabalha-se o contato com as informações e também o processamento delas”, diz. Ex-professor da Universidade de Bordeaux, na França, e de escolas de Ensino Fundamental no Brasil, além de editor e crítico literário, Perrotti concedeu a seguinte entrevista a NOVA ESCOLA.

O que deve orientar a constituição de uma biblioteca escolar?
Edimir Perrotti Ela não pode restringir-se a um papel meramente didático-pedagógico, ou seja, o de dar apoio para o programa dos professores. Há um eixo educativo que a biblioteca tem de seguir, mas sua configuração deve extrapolar esse limite, porque o eixo cultural é igualmente essencial. Isso significa trazer autores para conversar, discutir livros, formar círculos de leitores, reunir grupos de crianças interessadas num personagem, num autor ou num tema. A biblioteca funciona como uma ponte entre o ambiente escolar e o mundo externo.

De que modo se realiza essa abertura para fora da escola?
O responsável pela biblioteca tem o papel de articular programas com a biblioteca pública e fazer contato com a livraria mais próxima, além de estar atento à programação cultural da cidade. Há uma série de estratégias possíveis para inserir a criança num contexto letrado. A biblioteca precisa ter outra finalidade que não seja simplesmente a de um depósito de onde se retiram livros que depois são devolvidos. Nós não trabalhamos mais com a idéia de unidades isoladas. O ideal é formar redes, um conjunto de espaços que eu chamo de estações de conhecimento, cujo objetivo é a apropriação do saber pelas crianças.

Qual é a necessidade das redes?
Com o atual excesso de informações e a multiplicação de suportes, nenhuma biblioteca dá conta de todas as áreas em profundidade, até porque não haveria recursos para isso. O trabalho tem de ser compartilhado com outras unidades da rede, por meio de mecanismos de busca informatizados. Por exemplo: a escola guarda um pequeno acervo inicial sobre arte, mas, se o interesse for por um conhecimento aprofundado, recorre-se a uma biblioteca especializada na área. Hoje não há mais condições de manter o antigo ideal de bibliotecas enciclopédicas, que abarcavam todas as áreas de conhecimento.

Quem deve ser o responsável pela biblioteca?
Processar as informações e criar nexos entre elas é um ato educativo. O responsável, portanto, é um educador para a informação, que nós chamamos de infoeducador, um professor com especialização em processos documentais. Uma rede de bibliotecas tem uma plataforma de apoio técnico-especializado, que é a área do bibliotecário, um especialista em planejamento e organização da informação. Junto com ele trabalham os educadores, que são especialistas em processos de mediação de informação. Dar acesso ao acervo não basta para que o aluno saiba selecionar e processar informações e estabelecer vínculos entre elas.

De que modo se estimula a autonomia numa biblioteca?
É preciso desenvolver programas para construir competências informacionais. Isso inclui desde ensinar a folhear um livro — para crianças bem pequenas — até manejar um computador. Antigamente imperava a idéia de que os adultos é que deveriam mexer nas máquinas e pegar os livros na estante. Hoje deve-se formar pessoas que tenham uma atitude desenvolvida, não só de curiosidade intelectual mas de domínio dos recursos de informação. Essa é uma questão essencial da nossa época.

Por que a escola tem falhado em ensinar os alunos a processar informações?
Porque se acredita que basta escolarizar as crianças para formar leitores. De fato, a escola tem o papel de construir competências fundamentais para a leitura, mas isso não quer dizer formar atitude leitora. Hoje, o que distingue o leitor das elites do leitor das massas é que o primeiro tem um circuito de trocas. Ele participa do comércio simbólico da escrita, da produção à recepção: sabe o que é publicado, informa-se sobre os autores, encontra outros leitores etc. Já a criança da escola pública muitas vezes não tem livros em casa e só lê o que o professor pede. Ela não tem com quem comentar. Está sozinha nesse comércio das trocas simbólicas.

Qual é o mínimo necessário para o funcionamento de uma biblioteca escolar?
Estou convencido de que é a pessoa que trabalha ali, mediando relações entre a criança, a informação e o espaço. Não precisa ser alguém superespecializado, mas que compreenda a função da escrita e da imagem e que saiba qual é a importância daquilo na vida das pessoas. Assim, a compra de livros seguirá um critério de escolha consciente. É claro que é bom construir um ambiente agradável e funcional, mas não é indispensável, porque a leitura não depende das instalações da biblioteca; ela se dá em qualquer lugar.

Quem deve escolher o acervo?
Nós temos trabalhado um modelo em que a escolha é feita por todos os que participam dos processos de aprendizagem: professores, coordenadores, diretores e alunos. Formulários são colocados à disposição para que sejam feitas sugestões de compra. O infoeducador não só coleta esses dados como divulga, por meio dos quadros de aviso, as informações sobre lançamentos que saem na imprensa e na internet. Depois, ele vai analisar os pedidos, separá-los em categorias — livros importantes para os projetos em andamento, leituras de informação geral ou complementares etc. — e, com base nessas listas, a escolha é feita de acordo com os recursos disponíveis.

Como comprometer o aluno com a organização e a manutenção da biblioteca?
Ele participa da escolha do acervo e também pode estar pessoalmente representado nele, por meio de livros que ele escreve e de documentos de sua passagem pela escola. Uma parte do acervo vem da indústria cultural e outra é produzida internamente, com documentos e relatos referentes à história da instituição. Formar um repertório de dados locais cria relações com as informações universais.

Descreva a biblioteca escolar ideal.
É aquela que possui todo tipo de recurso informacional, do papel ao equipamento eletrônico. O espaço é construído especialmente para sua finalidade e de acordo com quem vai usar. Se o público majoritário é infantil, a disposição dos móveis e do acervo deve permitir que a criança se mova com autonomia. É preciso ser um local acolhedor, mas que empurre rumo à aventura, porque conhecer é sempre se deslocar.

Por que se diz que os jovens não gostam de ler?
Os interesses mudam na passagem da infância para a adolescência e a leitura que era feita antes já não interessa tanto, mesmo porque cresce a concorrência de outras mídias. Essa é uma transição crítica e ainda não foram definidas ações específicas para promover a leitura nessa faixa etária. Os adolescentes identificam o livro com as tarefas da escola, que reforça essa percepção porque raramente sai da abordagem instrumental da leitura. E no âmbito social, entre os amigos, a leitura não está presente. Mesmo assim, essa fase é a das grandes paixões. Portanto, há um espaço enorme para promover a leitura entre os jovens.

É possível formar leitores por meio de políticas públicas?
O problema é saber que caráter elas têm. Eu não concordo com estratégias que pretendam ensinar os alunos a gostar de ler. A função do poder público é criar ambientes que dêem condições de ler, tentar despertar as crianças para as potencialidades da escrita, prepará-las para as competências leitoras — enfim, providenciar para que seja constituída a trama que sustenta o ato de ler. Mas gostar de ler é questão de foro íntimo, não de políticas públicas.

A escola deve obrigar um aluno a ler livros e freqüentar bibliotecas mesmo que ele não goste?
Não se pode deixar de perguntar por que esse aluno não gosta de ler. Ele teve uma relação negativa com a situação de aprendizagem? Ninguém lê em casa? Tem dificuldades de visão? Não domina o código? Não tem circuitos culturais a sua volta? Tudo isso pode e deve ser trabalhado. Agora, se ele teve apoio para experimentar a prática da leitura e prefere fazer outras coisas, não adianta forçar. É claro que não estou falando da leitura funcional, indispensável para a vida diária. Nesse caso, é obrigatório negociar com a criança o “não querer ler”.

É melhor ler literatura de má qualidade do que não ler nada?
A pergunta já supõe que de fato existe uma literatura de má qualidade. Há leitores que são capazes de voar longe com um suposto mau livro, assim como há muitos trabalhos escolares que se utilizam de grandes textos, mas sufocam o interesse de aprender. Por outro lado, não é possível deixar o gosto do leitor imperar sozinho. É fundamental operar mediações entre as crianças e uma literatura que tenha condições de produzir significações importantes.

O uso do livro em sala de aula está em decadência?
Ele está aquém do que gostaríamos que fosse e também do que seria necessário. Mesmo assim, o livro está entrando nas escolas numa medida que não entrava, nem que seja por meio das distribuições feitas pelo Ministério da Educação e as secretarias estaduais e municipais. Há 50 anos nem sequer se sonhava com isso no Brasil. O problema maior é o de mau uso desses livros, com estratégias impositivas de leitura. Muitas vezes falta penetrar no avesso dos textos com as crianças e realmente mergulhar numa viagem de conhecimento, de imaginação.

Até que ponto as bibliotecas levam ao hábito da leitura?
Eu participei de uma pesquisa feita com as crianças usuárias das redes de biblioteca que ajudei a implantar no estado de São Paulo. Queríamos saber se elas estão incorporando a leitura a sua prática de vida e não apenas como lição de casa. Qual é a constatação? Houve um grande avanço e as crianças se mostram muito mais familiarizadas com os livros, mas infelizmente ainda não usam as novas competências para trocas culturais. Por exemplo: não têm o hábito de comprar e emprestar livros. A prática escolar não se transferiu para a prática cultural.

Há perspectiva de mudança para essa situação?
Eu vejo uma tendência de funcionalização. Os meios eletrônicos trouxeram, aparentemente, uma presença maior da escrita, mas o uso que se faz dela é cada vez mais abreviado. Vai-se transformando a língua no elemento mínimo para a transmissão da mensagem. Nós estamos a anos-luz de formar pessoas que, ao cabo do período de escolaridade, vão se relacionar com a escrita como uma ferramenta de conhecimento e de experiências estéticas, numa dimensão não pragmática. Restringir as ferramentas de linguagem a sua função utilitária é retirar de nós mesmos aquilo que nos humaniza — a capacidade de dizer de uma forma articulada. As novas bibliotecas têm de enfrentar essa questão.

Entrevista concedida a Márcio Ferrari – Nova Escola, em 11/05/2011.

Fonte: http://www.blogdogaleno.com.br/texto_ler.php?id=9897&secao=22

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