Formação de Leitores – Colaboratório de Infoeducação https://colabori.eca.usp.br Sat, 08 Apr 2017 15:17:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.9.8 IV Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias https://colabori.eca.usp.br/?p=404 https://colabori.eca.usp.br/?p=404#respond Fri, 18 Nov 2011 13:46:17 +0000 https://colabori.eca.usp.br/?p=404 Continue lendo ]]> Incentivo à leitura e novas mídias são os temas centrais do IV Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias

Evento realizado pela Secretaria de Estado da Cultura reúne em São Paulo palestrantes de quatro países e 800 profissionais de todo o País

De 22 a 24 de novembro, profissionais de todo o Brasil vão discutir novas formas de incentivar a leitura e disseminar a informação nas diversas mídias durante o IV Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias, realizado pela Secretaria de Estado da Cultura. Redes sociais, acervo digital, acessibilidade, competência em informação e biblioterapia são alguns dos temas incluídos na programação. São 800 vagas no total, todas gratuitas. Ainda dá tempo de se inscrever.

“As bibliotecas precisam se renovar para atrair o público. A troca de experiências que um encontro como este proporciona é essencial para a capacitação dos profissionais e geração de novas ideias”, afirma o Secretário de Estado da Cultura, Andrea Matarazzo. A Secretaria coordena o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas, com cerca de 950 unidades em todo o Estado de São Paulo.

O Seminário inclui palestras e mesas redondas com especialistas de Portugal, Chile, Colômbia e Alemanha, além de gestores e pesquisadores de São Paulo e outros estados. Da Colômbia, a bibliotecária Adriana Betancur falará sobre as políticas de incentivo à leitura do país, considerado modelo na América Latina, e sobre a BiblioRed – rede de bibliotecas públicas de Bogotá que atrai 4,7 milhões de usuários por ano.

A bibliotecária Clarice Fortkamp Caldin, da Universidade Federal de Santa Catarina, falará sobre biblioterapia – a possibilidade de uso terapêutico da leitura de textos literários, partindo-se do pressuposto de que toda experiência poética libera emoção e produz uma reação de alívio da tensão.

Além das palestras seguidas de debates, projetos com resultados positivos serão apresentados em painéis, a exemplo do Leitura na fábrica, desenvolvido com metalúrgicos de 35 indústrias da região do ABC, na Grande São Paulo. Cada fábrica recebeu um ponto de leitura com 650 títulos, computador, impressora, estantes, pufes e tapetes. Agentes de leitura foram capacitados para estimular a aproximação entre funcionários e os livros.

Nos dias 23 e 24, o Seminário promoverá visitas monitoradas à Biblioteca de São Paulo, no Parque da Juventude. A BSP, que pertence ao Governo de São Paulo, atrai cerca de 30 mil visitantes por mês e tem se firmado um modelo a ser seguido por outras bibliotecas públicas.

O IV Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias acontecerá no Sesc Pinheiros. As inscrições são realizadas exclusivamente por meio do endereço eletrônico www.bibviva.com.br. O site do evento traz também a programação completa e um guia de informações úteis e orientações para profissionais que vêm de outras cidades e estados. A realização é da Unidade de Bibliotecas e Leitura da Secretaria e da SP Leituras – Organização Social de Cultura.

Serviço

IV Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias
Quando: de 22 a 24 de novembro de 2011
Onde: SESC Pinheiros – Rua Paes Leme, 195, Pinheiros, São Paulo/SP
Inscrições: www.bibviva.com.br. Grátis (sujeita à confirmação)

Assessoria de Imprensa

Secretaria de Estado da Cultura

Ciro Bonilha – 11 2627 8166 – cbonilha@sp.gov.br

Renata Beltrão – 11 2627 8164 –  rmbeltrao@sp.gov.br

Ariett Gouveia – 11 2627 8162 – agouveia@sp.gov.br

Amanda Ventura – 11 2627 8070 – amandav.cultura@gmail.com

Inscrições

http://www.bibviva.com.br/inscricao.asp

 

 

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As bibliotecas sem leitores https://colabori.eca.usp.br/?p=372 https://colabori.eca.usp.br/?p=372#respond Fri, 14 Oct 2011 14:28:04 +0000 https://colabori.eca.usp.br/?p=372 Continue lendo ]]> por Gabriel Bonis 13 de outubro de 2011 às 16:25h.

Poucas para um Brasil de quase 200 milhões de pessoas, sem programação adequada e com horários restritos, a maioria delas vive às moscas. Fotos: Gabriel Bonis

Durante a semana, a biblioteca pública Roberto Santos, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, está praticamente deserta pela manhã. Além dos funcionários, poucos visitantes aproveitam o silêncio para ler um jornal ou revista. O vazio já não assusta: os brasileiros não têm o hábito de ler. Segundo um levantamento de 2007 do Instituto Pró-Livro, a população do País lê apenas 1,3 livro por ano, enquanto nos EUA esse índice chega a 11 e na França, a sete.

Para tentar mudar esse quadro e destacar a importância da leitura, há três anos o Dia Nacional da Leitura foi oficializado em 12 de outubro, também Dia das Crianças. “Quanto mais cedo uma pessoa for colocada perto da leitura e da escrita, maior será a sua intimidade, conforto e habilidade com o código ao longo do tempo”, destaca, em conversa com o site de Carta Capital, Christine Castilho Fontelles, diretora de Educação e Cultura do Instituto Ecofuturo, uma ONG focada em projetos educacionais.

Contudo, as crianças e os adultos interessados em utilizar uma das 4.763 bibliotecas públicas municipais do País enfrentarão uma série de dificuldades estruturais, a começar pelo horário de funcionamento e o baixo número destas instituições. Para se ter uma ideia, somente no estado de Nova York, nos EUA, há sete mil bibliotecas.

De acordo com o 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais, realizado no ano passado pela Fundação Getúlio Vargas, apenas 79% das cidades brasileiras possuíam ao menos uma biblioteca aberta em 2009, com média de 2,67 para cada 100 mil habitantes. Porém, apenas 12% delas funcionavam aos sábados, 1% aos domingos e 24% no período noturno.

“Serviços de cultura têm que abrir aos fins de semana, se não o que seria dos teatros e cinemas? Uma biblioteca pública fechada reflete a mentalidade de um projeto de virar as costas às necessidades de leitura do País”, questiona Edmir Perrotti, doutor em Ciências da Comunicação e especialista em políticas públicas em comunicação e leitura.

Ponto de vista apoiado por Fontenelles, para quem os horários das bibliotecas deveriam se adequar às necessidades da comunidade local, colaborando para a formação de novo leitores. “É desafiador criar uma cultura de leitura, para isso temos que oferecer um serviço adequado.”

No entanto, o quesito quantidade não é o único problema identificado. A inclusão também é negligenciada amplamente pelas bibliotecas públicas municipais. Apenas 9% oferecem serviços para deficientes visuais, como audiolivros ou obras em Braille, e 6% desenvolvem atividades para surdo-mudos, deficientes mentais ou físicos. Sem mencionar serviços básicos como a disponibilização de computadores com acesso à internet ao público, presente em menos de 30% das instalações. “Aqui os computadores são apenas para busca de livros no acervo”, diz Filomena Janowsky, coordenadora da biblioteca Roberto Santos. Em visita ao local, recém reformado, a reportagem de CartaCapital também não avistou materiais de leitura especiais ou elevadores.

Há 20 anos a trabalhar no local e prestes a se aposentar, Janowsky mostra animada o estabelecimento, uma das oito bibliotecas temáticas da prefeitura de São Paulo. Criadas entre 2006 e 2008, trazem também um acervo com conteúdos específicos e oferecem programação cultural sobre um determinado tema, neste caso, como a decoração repleta de claquetes, rolos de filmes e iluminação especial espalhadas pelos cômodos sugere, o Cinema.

O local oferece cursos na área, além de exibir filmes em cabines individuais e em um bem equipado auditório de 101 lugares. Até mesmo o horário de fechamento, às 17h de segunda à sexta, é burlado para a realização de oficinas durante à noite e sessões de cinema aos domingos, embora os demais serviços da biblioteca não funcionem fora do expediente – que também inclui o sábado.

No entanto, a ação temática deve ser encarada com cuidado, explica Perrotti. “Pode ser interessante como ideia, mas é preciso analisar como as práticas e iniciativas estão se dando. Porque é possível acabar interessando o público de cinema e afastando os demais.”

Um aspecto também apontado como insatisfatório no censo da FGV, no qual a frequência média dos usuários das bibliotecas públicas municipais é de quase duas vezes por semana. Além disso, 65% dos visitantes enxergam a estrutura como uma fonte de pesquisas escolares, 26% a utilizam para pesquisas em geral e somente 8% para o lazer.

Segundo Perrotti, uma das formas de escapar desse estigma é a implementação de projetos culturais efetivos, ao invés das atuais atividades de cultura esporádicas. “Projetos são orgânicos, sistemáticos, têm planejamento, acompanhamento e avaliação, mas isso não acontece”, diz, abrindo espaço para uma crítica à programação das bibliotecas nacionais. “Elas se nomeiam um serviço cultural, mas não trabalham as dimensões simbólicas da cultura, as significâncias, o ângulo estético do conhecimento.”

A composição do acervo é outro fator capaz de atrair leitores em busca de lazer, defende Fontelles, além de aumentar a média nacional de empréstimos, hoje em baixos 296 por mês. “Porém, a cultura da leitura não se faz sozinha, depende de professores apoiando e de estratégias de promoção da biblioteca, incluindo diagnósticos na região para criar um espaço vivo. Sem isso, conquista-se apenas um grupo de usuários fixos.”

Algo que para Janowsky não chega a ser negativo, por fortalecer os laços de usuários locais com a biblioteca e seus funcionários. “Eles vêm aqui e conversam com as recepcionistas sobre suas vidas, é uma terapia. Às vezes tenho até que aumentar o número de funcionários na recepção para atender os demais usuários. Esse também é o nosso trabalho.”

Elisabeth Zanella, atendente do estabelecimento há cinco anos, tem inclusive uma visitante favorita. Uma senhora de 85 anos, que todos os dias vai à biblioteca ler as notícias do dia e depois discutí-las na recepção. “A vinda aqui é só um pretexto, ela me traz até os seus exames médicos”, brinca.

Embora esse público também seja bem-vindo, Fontelles acredita que as bibliotecas devem usar todas as ferramentas disponíveis, incluindo as redes sociais, para atrair leitores efetivos. Um conselho seguido pela coordenadora da Roberto Santos, que disponibiliza em uma prateleira bem em frente à escada pricincipal para o acervo, os livros mais conhecidos, aqueles com capas mais atraentes, entre outros quesitos. Além disso, há um mural para os leitores deixarem uma resenha dos livros e ajudar na escolha dos usuários.

“Somos uma das bibliotecas que mais emprestam na cidade de São Paulo”, diz Janowsky, embora o estado seja o líder nacional na média de empréstimos, com 702 por mês.

A prateleira com os "destaques" fica em um lugar estratégico, em frente à escada principal para o acervo.

No entanto, é preciso ir além da divulgação para tornar um visitante esporádico em usuário frequente. Isso, de acordo com o especialista em políticas públicas para leitura, só pode ser feito com projetos consistentes e de longo prazo. Perrotti destaca um exemplo que acompanhou em Nova York, no bairro do Queens, um dos mais problemáticos da cidade norte-americana.

“Quando uma criança nasce lá, a biblioteca recebe um aviso do hospital e já começa a se preparar para atender aquela criança”, aponta Perrotti, destacando que as instituições estão sempre se adaptando ao cenário a seu redor para fortalecer os laços com a comunidade. “Ao aumentar o fluxo de imigrantes latinos, criaram-se cursos de inglês para estrangeiros e catálogos em espanhol. O mesmo ocorreu com a chegada dos chineses, com convites de escritores desse país para debates.”

Um cenário que ainda parece distante da realidade brasileira, na qual a prefeitura de São Paulo fechou em 2008 quatro bibliotecas alegando falta de público. “Não podemos esquecer que esse movimento de preocupação com as bibliotecas é relativamente recente, prova disso é que há uma década elas estavam definhando. Nunca houve uma proatividade de se construir um planejamento de cultura da leitura”, diz Fontelles. E completa: “Na medida em que as bibliotecas existam, as pessoas vão entrar em contato com as obras da história da humanidade e com a literatura. Uma coisa, afinal, é ler sobre a história russa e outra é ler um escritor russo, ver as tensões humanas e entrar em contato com esse lado.”

Leia mais:

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‘A política suga a felicidade’

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/as-bibliotecas-sem-leitores.

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