leitores – Colaboratório de Infoeducação https://colabori.eca.usp.br Sat, 08 Apr 2017 15:17:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.9.8 https://colabori.eca.usp.br/?p=847 https://colabori.eca.usp.br/?p=847#respond Tue, 26 May 2015 00:03:50 +0000 https://colabori.eca.usp.br/?p=847 Continue lendo ]]>  Políticas Públicas de Leitura: O DIREITO À CULTURA LETRADA (Ciclo de Palestras)

 
Coordenação Geral: Prof. Dr. Edmir Perrotti (ECA/USP)
Coordenação Executiva:  Profa. Maria Flora Guimarães (COLABORI/ECA/USP)       
Realização: Disciplina Políticas Públicas de Leitura (ECA/USP)
Período: Maio – 11, 18, 25 / Junho – 01, 08, 15, 22 
Horário:  9:00 – 11:30
Local:  Auditório Depto. de Jornalismo e Editoração (sala 34) Escola de Comunicações e Artes – Universidade de São Paulo

 

O Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE) inicia, a partir do dia 11 de maio, um ciclo de palestras com o tema Políticas Públicas de Leitura: o Direito à Cultura Letrada. A série contará com apresentações de professores da ECA e da USP, representantes de editoras e educadores da rede pública de ensino. Todas as palestras acontecerão no Auditório do CJE (sala 34).

A coordenação geral do evento é do professor Edmir Perrotti, do Departamento de Biblioteconomia e Documentação (CBD), e a coordenação executiva é da professora Maria Flora Guimarães.

Haverá transmissão online ao vivo de todas as apresentações e discussões através do site da CJE TV: http://www.usp.br/cje/exibir.php?id=1377

 

PROGRAMAÇÃO PARA O MÊS DE JUNHO

HORÁRIO: 9h às 11h30

01/06 – Políticas de leitura e Escola. Da alfabetização ao letramento 
Patrícia Maria Takada (Coordenadora Pedagógica CEI/CEU-Butantã/PMSP/SME); Cristiano Rogério Alcântara (Coordenador Pedagógico PMSP/SME); Maria Flora Guimarães (Colabori/ECA/USP)

08/06 – Políticas Públicas de Leitura e Biblioteca 
Durvalina S. Silva (ex-Diretora do Sistema de Bibliotecas da PMSP e da Rede de Bibliotecas Públicas de São Bernardo do Campo); Norberto Jesuino Ribeiro do Valle Vieira (CEU Parelheiros/SME/SP)

15/06 – Políticas de Leitura e Livrarias 
Afonso Martin (Presidente da Associação Nacional de Livrarias); Ângela Aranha (Casa de Livros)

22/06 – Políticas Públicas de Leitura e Mercado Editorial 
Dolores Prates (Revista Emília/Instituto Emília/Livros da Matriz); Fernando Paixão (IEB-USP; Ex-Ática); Ione Meloni Nassar (Ed. Mercuryo Jovem)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

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Edusp promove lançamento de “O império dos livros”, referência para os estudos do livro e da leitura no Brasil https://colabori.eca.usp.br/?p=228 https://colabori.eca.usp.br/?p=228#respond Thu, 11 Aug 2011 14:17:22 +0000 http://soaresoliva.com.br/colabori/?p=228 Continue lendo ]]>

Marisa Midori apresenta um estudo sobre a expansão dos circuitos do livro na capital paulistana no século XIX, procurando oferecer um quadro das práticas culturais na capital paulista no início da República. Inicialmente, a autora discute a instalação da primeira biblioteca pública em 1825 e a instalação da Academia de Direito em 1827, importantes marcos para a criação de um círculo de leitores na cidade ainda provinciana. Analisa a seguir a formação do intelectual na cidade, a vida acadêmica e a fortuna dos livros, adentrando na esfera privada por meio do estudo de inventários post-mortem de forma a verificar a presença dos livros na casa paulistana e o interesse de seus moradores. Finalmente, dedica a atenção ao aparecimento das livrarias e seu impacto na sociedade paulistana na segunda metade do século XIX, voltando-se para as questões sobre o consumo de livros franceses e seus principais agentes de difusão.

O Império dos livros: instituições e práticas de leitura na São Paulo oitocentista
Autora: DEAECTO, Marisa Midori
ISBN 10: 85-314-1309-5
ISBN 13: 978-85-314-1309-4
Formato: 16×23 cm
Nº de Páginas: 448 pp.
Peso: 720 g
Preço: 90,00

Edusp convida a todos para o lançamento desta obra que já surge como um clássico para os estudos do livro e da leitura

Fonte: http://www.edusp.com.br/detlivro.asp?id=413094

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Leituras em situação de crise, com a antropóloga francesa, Michèle Petit https://colabori.eca.usp.br/?p=222 https://colabori.eca.usp.br/?p=222#respond Mon, 27 Jun 2011 17:30:00 +0000 http://soaresoliva.com.br/colabori/?p=222 Continue lendo ]]> SEMINÁRIOS DE LEITURA

A Cor da Letra – Centro de Estudos em Leitura, Literatura e Juventude e a Revista Emília – especializada em leitura e literatura juvenil – organizam o Seminário: Conversas ao pé da página.

O objetivo dessas Conversas ao pé da página é refletir sobre o papel e a importância da leitura e das ações que promovem a formação de leitores; o incentivo à atividade leitora, com ênfase na leitura literária; e o intercâmbio de experiências realizadas nesse âmbito na América Latina.

Em um ciclo de seis encontros, no de ano 2011, esse seminário, gratuito, é destinado a professores, educadores, universitários, mediadores de leitura e todos aqueles interessados no assunto. Especialistas nacionais e internacionais debaterão os temas propostos. As exposições dos palestrantes convidados serão acompanhadas de experiências práticas apresentadas por profissionais que realizam ações bem sucedidas nesta área. Com esse estímulo, abriremos uma “Conversa” com os presentes.

LEITURAS EM SITUAÇÃO DE CRISE
com a participação de Michèle Petit, Patrícia B. Pereira Leite, Dolores Prades (mediadora), Diana Sales e Luciana Gomes.

Data – 5 de julho de 2011, Terça Feira.
Local – SESC Pinheiros.
Horário – 13:00 às 18:00

A Crise aqui mencionada faz parte da vida. O homem produz literatura, necessita de compartilha-la, transmiti-la para estar vivo. Ser introduzido no mundo da linguagem e da cultura é fundamental para o desenvolvimento humano. Quando a adversidade da vida é excessiva, as pessoas se recolhem, encontram-se impedidas de sonhar de pensar, de aprender. A leitura e a literatura são respostas, saídas histórico-sociais para a barbárie. A humanidade se constitui enquanto tal exatamente porque é capaz de produzir narrativas para se conhecer e se reconhecer no outro, nos outros. Inserir a leitura neste pano de fundo civilizatório ajuda a refletir em um plano onde modelos e classificações não encontrem espaço e a leitura possa aparecer como encontro gratuito cujo sentido depende precisamente da relação ativa que se estabelece entre os textos e os leitores.


Antropóloga francesa, Michèle Petit trabalhou de 1972 a 2010 no Centre National de la Recherche Scientifique, no Laboratório de Dinâmicas Sociais e Recomposição dos Espaços (Paris), de onde é, hoje, membro honorário. A partir de 1992 dedicou-se a pesquisas sobre leitura e a relação entre livros e cultura escrita, em particular sobre a experiência singular do leitor Coordena, na França. Uma pesquisa sobre o papel das bibliotecas públicas na luta contra os processos de exclusão e segregação, baseada em entrevistas com jovens que vivem nos bairros “críticos”.

Em um prolongamento desse mesmo trabalho, ela aprofunda a análise da contribuição da leitura para a construção ou a reconstrução da identidade, particularmente em contextos críticos. A partir de 2005, ela passa a pesquisar trabalhos de experiências literárias compartilhadas que se multiplicam em países onde ocorrem conflitos armados, intensas crises econômicas, catástrofes naturais ou grandes deslocamentos de população, Brasil particularmente na América Latina. Entre os vários livros foram traduzidos no Brasil: Os jovens e a leitura. Uma nova perspectiva, São Paulo, 34, 2008; A arte de ler ou como resistir à adversidade, Editora 34, São Paulo, 2010.


Psicóloga clínica e Psicanalista – Membro do Instituto de Psicanálise de São Paulo é Mestre em psicologia Clinica e Psicopatologia pela Universidade de Paris V e Especialista em Técnicas de Saúde mental pela Universidade de Paris VII. Coordenadora e assessora de projetos sociais e educacionais na A Cor da Letra- Centro de Estudos em Leitura, Literatura e Juventude em diferentes contextos da realidade brasileira.

Iniciou seu trabalho com ações culturais de mediação da leitura e de literatura ha 26 anos junto à associação “Actions Culturelles Contre les Exclusions et les Ségrégations” em Paris (França) e também no hospital dia: “Unité du Soir” – da Fundação René Diatkine, para crianças e jovens com desarmonias evolutivas graves – desenvolvendo o trabalho terapêutico, em seu atelier, através da mediação de narrativas de literárias. Centro Alfred Binet – Paris. Em 1997, fundou a A Cor da Letra juntamente com Cíntia Carvalho.

PROGRAMAÇÃO DO DIA

12:20 Cadastramento
14:00 Abertura: Coordenação “CONVERSAS”
14:20 Michèle Petit, Patrícia Bohrer Pereira Leite, Dolores Prades (Mediação)
15:45 Café
16:15 Diana Sales e Luciana Gomes, Projeto Fiandeiras
16:55 “CONVERSAS”
17:45 Fechamento

INSCRIÇÕES: conversapepagina@acordaletra.com.br

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“A Leitura Perdição” – texto do professor Edmir Perrotti https://colabori.eca.usp.br/?p=218 https://colabori.eca.usp.br/?p=218#respond Wed, 01 Jun 2011 13:02:00 +0000 http://soaresoliva.com.br/colabori/?p=218 Continue lendo ]]>

São muitas as razões de ler. Talvez a mais importante para a vida prática seja a de ler para se informar. Com efeito, lemos jornais, revistas, documentos, ofícios, contas de luz, de água, cheques, bula de remédios, certidão de batismo, de nascimento e de casamento. E lemos para tomar conhecimento de questões que afetam nosso cotidiano, nosso dia a dia, a vida diária. (Talvez a única que interesse verdadeiramente!). Num universo letrado, tais leituras são essenciais à sobrevivência, no que esta tem de mais imediato e urgência e é espantoso que não nos envergonhemos com as taxas de analfabetismo que assolam o país, verdadeira tragédia!

Ler mais em: http://pt.scribd.com/doc/56815703/A-Leitura-Perdicao-Perrotti?secret_password=1z0hpssioxlktysewj4w

ou bit.ly/kpNlwz

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https://colabori.eca.usp.br/?feed=rss2&p=218 0
Entrevista com professor Edmir Perrotti: “Biblioteca não é depósito de livros” https://colabori.eca.usp.br/?p=217 https://colabori.eca.usp.br/?p=217#respond Mon, 16 May 2011 13:53:00 +0000 http://soaresoliva.com.br/colabori/?p=217 Continue lendo ]]>

Edmir Perrotti é idealizador de redes de leitura em escolas e diz que é função do educador ajudar os estudantes a processar as informações do acervo. “Há uma série de estratégias possíveis para inserir a criança num contexto letrado.”

Desafios como a criação do hábito da leitura entre crianças e adolescentes, as novidades tecnológicas, a ampliação do acesso ao ensino e a sofisticação do mercado editorial levaram o professor Edmir Perrotti a uma nova concepção de biblioteca escolar e de seu papel pedagógico.

Com formação em Biblioteconomia – área que combinou com seu interesse em Educação -, ele é docente da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, conselheiro do Ministério da Educação para a política de formação de leitores e autor de livros infantis.

Perrotti orientou a implantação de redes de bibliotecas inovadoras nas escolas municipais de São Bernardo do Campo, Diadema e Jaguariúna, no estado de São Paulo. Nessas estações de conhecimento, como ele prefere chamá-las, a aprendizagem é estimulada pela presença de suportes tecnológicos, como o computador e a televisão.

Em um ambiente que convida as crianças a descobrir e aprofundar o prazer da leitura, os livros convivem com outras linguagens, como a do teatro. “Assim trabalha-se o contato com as informações e também o processamento delas”, diz. Ex-professor da Universidade de Bordeaux, na França, e de escolas de Ensino Fundamental no Brasil, além de editor e crítico literário, Perrotti concedeu a seguinte entrevista a NOVA ESCOLA.

O que deve orientar a constituição de uma biblioteca escolar?
Edimir Perrotti Ela não pode restringir-se a um papel meramente didático-pedagógico, ou seja, o de dar apoio para o programa dos professores. Há um eixo educativo que a biblioteca tem de seguir, mas sua configuração deve extrapolar esse limite, porque o eixo cultural é igualmente essencial. Isso significa trazer autores para conversar, discutir livros, formar círculos de leitores, reunir grupos de crianças interessadas num personagem, num autor ou num tema. A biblioteca funciona como uma ponte entre o ambiente escolar e o mundo externo.

De que modo se realiza essa abertura para fora da escola?
O responsável pela biblioteca tem o papel de articular programas com a biblioteca pública e fazer contato com a livraria mais próxima, além de estar atento à programação cultural da cidade. Há uma série de estratégias possíveis para inserir a criança num contexto letrado. A biblioteca precisa ter outra finalidade que não seja simplesmente a de um depósito de onde se retiram livros que depois são devolvidos. Nós não trabalhamos mais com a idéia de unidades isoladas. O ideal é formar redes, um conjunto de espaços que eu chamo de estações de conhecimento, cujo objetivo é a apropriação do saber pelas crianças.

Qual é a necessidade das redes?
Com o atual excesso de informações e a multiplicação de suportes, nenhuma biblioteca dá conta de todas as áreas em profundidade, até porque não haveria recursos para isso. O trabalho tem de ser compartilhado com outras unidades da rede, por meio de mecanismos de busca informatizados. Por exemplo: a escola guarda um pequeno acervo inicial sobre arte, mas, se o interesse for por um conhecimento aprofundado, recorre-se a uma biblioteca especializada na área. Hoje não há mais condições de manter o antigo ideal de bibliotecas enciclopédicas, que abarcavam todas as áreas de conhecimento.

Quem deve ser o responsável pela biblioteca?
Processar as informações e criar nexos entre elas é um ato educativo. O responsável, portanto, é um educador para a informação, que nós chamamos de infoeducador, um professor com especialização em processos documentais. Uma rede de bibliotecas tem uma plataforma de apoio técnico-especializado, que é a área do bibliotecário, um especialista em planejamento e organização da informação. Junto com ele trabalham os educadores, que são especialistas em processos de mediação de informação. Dar acesso ao acervo não basta para que o aluno saiba selecionar e processar informações e estabelecer vínculos entre elas.

De que modo se estimula a autonomia numa biblioteca?
É preciso desenvolver programas para construir competências informacionais. Isso inclui desde ensinar a folhear um livro — para crianças bem pequenas — até manejar um computador. Antigamente imperava a idéia de que os adultos é que deveriam mexer nas máquinas e pegar os livros na estante. Hoje deve-se formar pessoas que tenham uma atitude desenvolvida, não só de curiosidade intelectual mas de domínio dos recursos de informação. Essa é uma questão essencial da nossa época.

Por que a escola tem falhado em ensinar os alunos a processar informações?
Porque se acredita que basta escolarizar as crianças para formar leitores. De fato, a escola tem o papel de construir competências fundamentais para a leitura, mas isso não quer dizer formar atitude leitora. Hoje, o que distingue o leitor das elites do leitor das massas é que o primeiro tem um circuito de trocas. Ele participa do comércio simbólico da escrita, da produção à recepção: sabe o que é publicado, informa-se sobre os autores, encontra outros leitores etc. Já a criança da escola pública muitas vezes não tem livros em casa e só lê o que o professor pede. Ela não tem com quem comentar. Está sozinha nesse comércio das trocas simbólicas.

Qual é o mínimo necessário para o funcionamento de uma biblioteca escolar?
Estou convencido de que é a pessoa que trabalha ali, mediando relações entre a criança, a informação e o espaço. Não precisa ser alguém superespecializado, mas que compreenda a função da escrita e da imagem e que saiba qual é a importância daquilo na vida das pessoas. Assim, a compra de livros seguirá um critério de escolha consciente. É claro que é bom construir um ambiente agradável e funcional, mas não é indispensável, porque a leitura não depende das instalações da biblioteca; ela se dá em qualquer lugar.

Quem deve escolher o acervo?
Nós temos trabalhado um modelo em que a escolha é feita por todos os que participam dos processos de aprendizagem: professores, coordenadores, diretores e alunos. Formulários são colocados à disposição para que sejam feitas sugestões de compra. O infoeducador não só coleta esses dados como divulga, por meio dos quadros de aviso, as informações sobre lançamentos que saem na imprensa e na internet. Depois, ele vai analisar os pedidos, separá-los em categorias — livros importantes para os projetos em andamento, leituras de informação geral ou complementares etc. — e, com base nessas listas, a escolha é feita de acordo com os recursos disponíveis.

Como comprometer o aluno com a organização e a manutenção da biblioteca?
Ele participa da escolha do acervo e também pode estar pessoalmente representado nele, por meio de livros que ele escreve e de documentos de sua passagem pela escola. Uma parte do acervo vem da indústria cultural e outra é produzida internamente, com documentos e relatos referentes à história da instituição. Formar um repertório de dados locais cria relações com as informações universais.

Descreva a biblioteca escolar ideal.
É aquela que possui todo tipo de recurso informacional, do papel ao equipamento eletrônico. O espaço é construído especialmente para sua finalidade e de acordo com quem vai usar. Se o público majoritário é infantil, a disposição dos móveis e do acervo deve permitir que a criança se mova com autonomia. É preciso ser um local acolhedor, mas que empurre rumo à aventura, porque conhecer é sempre se deslocar.

Por que se diz que os jovens não gostam de ler?
Os interesses mudam na passagem da infância para a adolescência e a leitura que era feita antes já não interessa tanto, mesmo porque cresce a concorrência de outras mídias. Essa é uma transição crítica e ainda não foram definidas ações específicas para promover a leitura nessa faixa etária. Os adolescentes identificam o livro com as tarefas da escola, que reforça essa percepção porque raramente sai da abordagem instrumental da leitura. E no âmbito social, entre os amigos, a leitura não está presente. Mesmo assim, essa fase é a das grandes paixões. Portanto, há um espaço enorme para promover a leitura entre os jovens.

É possível formar leitores por meio de políticas públicas?
O problema é saber que caráter elas têm. Eu não concordo com estratégias que pretendam ensinar os alunos a gostar de ler. A função do poder público é criar ambientes que dêem condições de ler, tentar despertar as crianças para as potencialidades da escrita, prepará-las para as competências leitoras — enfim, providenciar para que seja constituída a trama que sustenta o ato de ler. Mas gostar de ler é questão de foro íntimo, não de políticas públicas.

A escola deve obrigar um aluno a ler livros e freqüentar bibliotecas mesmo que ele não goste?
Não se pode deixar de perguntar por que esse aluno não gosta de ler. Ele teve uma relação negativa com a situação de aprendizagem? Ninguém lê em casa? Tem dificuldades de visão? Não domina o código? Não tem circuitos culturais a sua volta? Tudo isso pode e deve ser trabalhado. Agora, se ele teve apoio para experimentar a prática da leitura e prefere fazer outras coisas, não adianta forçar. É claro que não estou falando da leitura funcional, indispensável para a vida diária. Nesse caso, é obrigatório negociar com a criança o “não querer ler”.

É melhor ler literatura de má qualidade do que não ler nada?
A pergunta já supõe que de fato existe uma literatura de má qualidade. Há leitores que são capazes de voar longe com um suposto mau livro, assim como há muitos trabalhos escolares que se utilizam de grandes textos, mas sufocam o interesse de aprender. Por outro lado, não é possível deixar o gosto do leitor imperar sozinho. É fundamental operar mediações entre as crianças e uma literatura que tenha condições de produzir significações importantes.

O uso do livro em sala de aula está em decadência?
Ele está aquém do que gostaríamos que fosse e também do que seria necessário. Mesmo assim, o livro está entrando nas escolas numa medida que não entrava, nem que seja por meio das distribuições feitas pelo Ministério da Educação e as secretarias estaduais e municipais. Há 50 anos nem sequer se sonhava com isso no Brasil. O problema maior é o de mau uso desses livros, com estratégias impositivas de leitura. Muitas vezes falta penetrar no avesso dos textos com as crianças e realmente mergulhar numa viagem de conhecimento, de imaginação.

Até que ponto as bibliotecas levam ao hábito da leitura?
Eu participei de uma pesquisa feita com as crianças usuárias das redes de biblioteca que ajudei a implantar no estado de São Paulo. Queríamos saber se elas estão incorporando a leitura a sua prática de vida e não apenas como lição de casa. Qual é a constatação? Houve um grande avanço e as crianças se mostram muito mais familiarizadas com os livros, mas infelizmente ainda não usam as novas competências para trocas culturais. Por exemplo: não têm o hábito de comprar e emprestar livros. A prática escolar não se transferiu para a prática cultural.

Há perspectiva de mudança para essa situação?
Eu vejo uma tendência de funcionalização. Os meios eletrônicos trouxeram, aparentemente, uma presença maior da escrita, mas o uso que se faz dela é cada vez mais abreviado. Vai-se transformando a língua no elemento mínimo para a transmissão da mensagem. Nós estamos a anos-luz de formar pessoas que, ao cabo do período de escolaridade, vão se relacionar com a escrita como uma ferramenta de conhecimento e de experiências estéticas, numa dimensão não pragmática. Restringir as ferramentas de linguagem a sua função utilitária é retirar de nós mesmos aquilo que nos humaniza — a capacidade de dizer de uma forma articulada. As novas bibliotecas têm de enfrentar essa questão.

Entrevista concedida a Márcio Ferrari – Nova Escola, em 11/05/2011.

Fonte: http://www.blogdogaleno.com.br/texto_ler.php?id=9897&secao=22

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